Cito um trecho e comento abaixo:

“A Universidade de Brasília teve seu câmpus invadido por forças de repressão, teve estudantes assassinados, professores perseguidos e funcionários demitidos por defender ideias contrárias às do poder dominante. Isso ocorreu durante os períodos mais duros do regime militar. Naquele tempo, a comunidade da UnB sofria por exigir a volta da democracia ao Brasil. Pois não é que a democracia voltou ao Brasil, mas anda em falta justamente em um dos redutos onde mais se lutou por ela, a UnB? Professores, estudantes e funcionários da Universidade de Brasília têm sido alvo de perseguição da diretoria e de agressões pelo único crime de não pensarem de acordo com a ideologia dominante. A liberdade de expressão sempre foi um valor sagrado nas universidades, mas na UnB ela foi revogada para que em seu lugar se instalasse a atitude mais incompatível que existe com o mundo acadêmico: a intolerância. VEJA foi ao câmpus da UnB apurar as denúncias de que um símbolo da luta democrática no Brasil está se transformando em um madraçal esquerdista em que a doutrinação substituiu as atividades acadêmicas essenciais. Os depoimentos colhidos pela reportagem da revista deixam pouca dúvida de que essa tragédia está em pleno curso. Acompanhem. A procuradora de Justiça Roberta Kaufmann conta que viveu a maior humilhação de sua vida em um auditório da UnB, instituição em que concluiu seu mestrado. Convidada para participar de um debate sobre a adoção de cotas raciais pelas universidades públicas, ela - que é contrária ao projeto - não conseguiu falar. Quando lhe foi dada a palavra, um grupo liderado por professores promoveu um alarido ensurdecedor. Ela foi chamada de racista, ouviu ofensas impublicáveis e só pôde deixar a universidade horas depois, acuada, com medo de que algo pior acontecesse. Seu carro foi vandalizado. Nas portas, foi pichada a frase "Loira filha da p...". Desde então, Roberta nunca mais voltou à UnB sem companhia. Não se trata de um caso isolado. "A UnB se tornou palco das piores cenas de intolerância. Não há espaço para o diálogo. Ou você compartilha do pensamento dominante ou será perseguido e humilhado", diz a procuradora”.

Comento:

Não adianta tentar desqualificar a revista Veja. Quem não gostar da Veja que chore. Mas sem ela, não saberíamos de alguns dos escândalos recentes da República. Nesse caso da UNB, antes de atacar a revista com a covardia do argumento ad homimem, leia a reportagem completa.

Nela, vemos acusações concretas sobre perseguição ideológica. Alguns depoimentos são bem complicados. Acima, citei um ato de intolerância praticado pelos próprios professores. Coisa grave! Numa Universidade, esperamos justamente um debate aberto de ideias. Pelo visto, no mínimo, há um clima de perseguição grave na UNB que precisa ser investigado, sim.

Não estou dizendo que tudo é verdade, até porque não estive lá para averiguar. Mas, diante da acusação, a postura correta seria investigar e rever alguns procedimentos.

Já manifestei aqui minha opinião sobre o populismo universitário. Em nome desse populismo, instalaram a liberação de festas com drogas sem qualquer restrição! Esse tipo de coisa eleva a qualidade do ensino ou da pesquisa? Sinceramente, acho que não. E essa acusação sequer é negada pela assessoria da UNB.

Bom, minha opinião vocês conhecem. Os que defendem a tal “democracia direta” com voto paritário querem mesmo é colocar a Universidade aos pés dos partidos políticos. Isso parece ser o que acontece na UNB? Julguem vocês mesmos. Leiam a reportagem.

Leiam também o que a UNB respondeu. É que, rapidamente, houve uma resposta institucional. Ao invés de investigar os possíveis desvios, a instituição ataca a revista Veja. Leiam e julguem vocês mesmos.