Radicalismo e paridade

Bom, já que as eleições terminaram, gostaria de manifestar algumas coisas importantes sobre o pleito e, principalmente, sobre a campanha. Não quis fazer isso antes para que o blogue não servisse como ponto de encontro dos radicais malucos. Gente que não entende nada de gestão universitária e que acredita em qualquer conversa mole de “democracia direta”.

Esse pessoal passou dos limites. Desde agressão física até ataques gratuitos pela Internet. Fugiram de uma campanha limpa sem nenhum pudor. Não estou falando dos eleitores, que tiveram suas razões, mas dos poucos radicais que sujaram a campanha da UFAL.

Por isso mesmo eu considero essa forma de eleição para Reitor um verdadeiro absurdo. Onde já se viu voto de estudante e técnico ter o mesmo peso do voto dos professores? Quem deve gerir uma Universidade? Os professores, é claro! Estudantes e técnicos têm que ter espaço de representação, mas não pode ser um espaço paritário, de jeito nenhum. Quer dizer, o aluno que fica cinco anos numa universidade vai ter o mesmo peso de decisão do professor, que é o responsável direto pela gestão universitária?

Acho que isso deixa a campanha uma verdadeira bagunça! Um monte de promessas eleitoreiras faz a campanha para Reitor parecer uma eleição para prefeito. É um dizendo que falta papel higiênico nos banheiros e o outro prometendo uma cobertura ao longo de todo passeio público da UFAL. Um promete ar-condicionado nas salas e o outro promete restaurante de graça para todo mundo. Tenha santa paciência!

Dizem que a paridade vai de encontro à LDB, mas não vou entrar na questão jurídica. Penso que estudantes e técnicos devem participar, mas não com o mesmo peso dos professores.

Democracia direta e eficiência

Mas o que mais me preocupou e me fez entrar de vez na campanha por Eurico foi a proposta da principal chapa opositora. Visando a agregar votos de estudantes, prometia-se uma “democracia direta” na UFAL. Como é que é?

Meus amigos, se a gestão universitária das IFES hoje já é lenta a burocrática, com tantas comissões e colegiados, imagine-se com uma “democracia direta”. Se a UFAL já tem enormes dificuldades de gestão, avalie com mais colegiados e com mais comissões. Seria um verdadeiro caos!

Ah esse povo que confunde democracia com maioria...

Mas sabem qual o espírito dessa proposta? Arrumar lugar para um ou dois partidos nanicos de esquerda socialista que, sem voto na sociedade, buscam uma trincheira na Universidade para poder fazer seu proselitismo.

A proposta é ruim para os estudantes. É pura demagogia. Quem disse que aumentar a representação estudantil nas comissões, por exemplo, vai melhorar o ensino? Vai é abotinar políticos sem voto nas entranhas da burocracia universitária e eles barrarão todo e qualquer avanço na gestão, principalmente na busca por eficiência.

Essa turma foi contra o Reuni. Um dos poucos esforços do governo federal de maximizar a eficiência das IFES. É que o Reuni cobra que a Universidade apresente resultados, como uma boa quantidade de alunos matriculados e uma relação racional entre professores e alunos. Sem isso, menos dinheiro entra na Universidade.

Universidade pública não é gratuita, como pensam esses valentes. É cara demais! Sabe quem paga, meu amigo? Você. Com os altos impostos arrecadados todos os dias. Se é assim, no mínimo essa grande estrutura tem que ter sua eficiência maximizada, não é? Então como eu posso ser contra políticas que estimulem a eficiência? Pois essa turma foi contra.

Movimento estudantil

Essa eleição também mostrou o racha existente no movimento estudantil. Hoje, o movimento estudantil tem um caráter partidário muito forte e suas lutas estão relacionadas muito mais com pautas ideológicas sobre um novo mundo utópico socialista do que com a realidade concreta das universidades.

O problema maior, meus amigos, é que uma parte do movimento estudantil está hoje nas mãos de ideólogos da esquerda mais retrógrada e a outra está nos braços do governo federal. Se a UNE é pelega, seus adversários são também adversários do capital e da eficiência. Se de um lado eu tenho os moderados pelegos da UNE, do outro lado eu tenho os mais radicais do PSTU. E há, obviamente, a gente boa que entra na onda com o espírito genuíno do debate, mas que, no final, serve somente como massa de manobra.

Estamos perdidos? Acho que não. A imensa maioria dos estudantes da UFAL está mais preocupada em estudar, pesquisar e fazer extensão. Na FDA, por exemplo, tirando poucos radicais, mesmos os mais atuantes no Movimento Estudantil têm uma participação boa na vida acadêmica.

A abstenção de 50% dos estudantes mostra isso. Estavam em casa estudando para as provas! E para isso, nada melhor do que uma UFAL que tenha como principal preocupação a excelência acadêmica. Isso não se conquista invadindo reitoria ou colocando os movimentos sociais dentro da universidade.

Universidade é lugar de pesquisa, não de militância partidária.

Eu, que sempre critiquei a burocracia da Universidade, vou continuar cobrando agilidade, eficiência e incentivo à pesquisa e ao pensamento livre. Agora é continuar os avanços e propor novas mudanças. Mas mudanças que deixem a Universidade mais eficiente e dinâmica, antenada com o mercado e influente na formação de ideias para a sociedade democrática. A formação de professores, de novas tecnologias e da nossa futura classe política e administrativa é das principais tarefas da UFAL.

Por tudo isso, parabenizo Eurico e Rachel pela vitória e desejo boa sorte à nova gestão.