Qual dos currículos vai prevalecer nas investigações do caso Bárbara Regina?
O dos promotores Alfredo Gaspar de Mendonça, Marcus Mousinho e do procurador-chefe do Ministério Público de Alagoas, Sérgio Jucá?
Ou dos delegados Paulo Cerqueira e Carlos Alberto Reis?
As investigações mostram uma série de erros assinados pelos dois delegados, os principais representantes da já desacreditada Polícia Civil de Alagoas.
Uma simples análise dos dois perfis do Facebook de Bárbara Regina e de Vanessa Ingrid- que seria a agenciadora de cocaína e programas sexuais de Bárbara- ajuda a desmontar a insistente tese da PC alagoana sobre o crime: Bárbara era prostituta e garota de programa.
Sequer existe ligação entre os dois lados. É como se uma ponte tivesse sido construída de forma desesperada, para dar uma resposta às pressões da família da estudante.
A PC também descartou- sem explicação- o suposto envolvimento de um homem que Bárbara namorava- e era casado- com o crime. E ele tem passagem pela polícia, por agressão a mulher dele.
Não houve quebra dos sigilos telefônicos. Esta nova prova só existiu agora, por iniciativa dos promotores Mousinho e Mendonça.
Por que?
Até o perfil de Otávio Cardoso- nunca encontrado e principal acusado no crime- foi construído apenas com versões testemunhais. Ou melhor: a versão da namorada de Moabe Lino- ele também acusado no crime.
E até o sangue no carro de Moabe não pertence a Bárbara. Não é de estranhar que a polícia responsabilize agora a imprensa em fazer a ligação entre o sangue e a estudante.
Com tantas trapalhadas nas investigações, os dois promotores e o chefe do MP de Alagoas terão- eles mesmos- de refazer o trabalho que caberia aos delegados.
Uma ironia, em meio às discussões sobre a PEC 37 e o enfraquecimento do poder do Ministério Público.
E o histórico da PC de Alagoas é macabro. Graças a ela, a cena do assassinato de Paulo César Farias e da namorada dele, Suzana Marcolino, foi alterada.
Também a PC é responsável pela impunidade na chacina de Roteiro. Nem o Tribunal de Justiça aceitou o inquérito assinado por um conhecido delegado. Um vexame.
É óbvio que não se generaliza o quase amadorismo policial em Alagoas.
Valorosos profissionais estão espalhados em meio aos despojos da segurança pública.
Mas, eles acabam respondendo pelo todo. Mesmo sendo uma parte (boa).






