Recentemente, no Facebook de vários colegas, vi uma notícia que me chamou a atenção.
Era a seguinte: Produtividade do setor público avança mais que a do privado. Vejam um trecho:
“A produtividade no setor público brasileiro evoluiu mais que a produtividade no setor privado entre 1995 e 2006. A conclusão está no Comunicado da Presidência do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgado na manhã desta quarta-feira, dia 19, em Brasília. O estudo, intitulado Produtividade na Administração Pública Brasileira: Trajetória Recente, mostra que, naquele período, a produtividade na administração pública aumentou 14,7%, enquanto no setor privado a evolução foi de 13,5%”.
Pensei, alguma coisa está errada. Não sou economista, mas achei aquilo tudo muito estranho. Afinal, como se me de a produtividade do setor público? Perguntei, em tom jocoso: como comparar a produtividade de um cartório com a de uma padaria?
Não querendo apelar para a desqualificação desse presidente do IPEA (dizem que, para ele, antes da ciência vem a ideologia), fui consultar a turma do Não Quebre a Janela e eles me mandaram um link que explica tudo. O problema está justamente em comparar produtividade entre setor público e privado. São realidades que não podem ser comparadas.
No texto indicado, Miriam Leitão explica com clareza:
“No setor industrial, você mede quantos carros a mais se faz com o mesmo número de funcionários. Mas e no setor público, o que é produção? É uma atividade não mercantil. No setor público, o que seria o valor adicionado?
Pela regra internacional da ONU e que o IBGE segue corretamente nas contas nacionais, a produtividade está relacionada a certas despesas, como salário. Quando o governo aumenta muito o salário dos funcionários, ele aumenta a produtividade.
Quando carta da presidência do Ipea compara o crescimento da produtividade de 1995 a 2004 da administração pública estado por estado aparecem umas coisas esquisitas, como Roraima com aumento de 136%, estado que mais cresceu a produtividade no Brasil. Alagoas foi o terceiro maior com 53%.
E quem está na lanterninha? Rio de Janeiro e Espírito Santo. O Espírito Santo teve queda de produtividade porque fez um ajuste fiscal e reduziu o número de funcionários, melhorou a qualidade do serviço. Isso reduziu as despesas do setor público. Por essa maneira de fazer a conta, houve queda de produtividade.
São Paulo teve aumento de 1,7% de produtividade nesse período, enquanto Roraima teve um aumento de 136%. A carta é tecnicamente equivocada segundo os dois economistas. Eles disseram até que não entendem porque o presidente do Ipea cometeu esse erro muito elementar: não se compara produtividade do setor público com o do setor privado. É algo que se aprende logo no começo de um curso de economia”.
Bom, você entendeu direito. Quanto mais o estado contrata funcionários, mas produtivo ele é, segundo o critério do estudo feito pelo IPEA. Ok, parece ser o único critério possível. Porém, trata-se de um critério obviamente imprestável para a comparação com o setor privado! Aí é complicado, né não? Não precisa ser um economista experiente para ver que esse estudo, por ser inócuo, está incorreto!
Como danado o cara pode comparar a produtividade de um setor que não produz nada de valor com a de um setor que produz? Mas o pior é ver que muitos esquerdistas saíram “comemorando” o estudo, que provaria a superioridade do estado sobre o terrível mercado! Quanta besteira! Entendam de uma ver por todas, só existe “setor público” por causa dos nossos impostos. Impostos de indivíduos privados.
Bom, amigos, está aí. Julguem vocês. O que é mais produtivo? Um cartório ou uma padaria?