Crônica de uma morte anunciada é o título de um dos mais famosos livros de Gabriel García Marques, mas bem poderia ser a manchete de todos os meios de comunicação em Alagoas desde o resultado da mais recente votação fechada na Assembleia Legislativa Alagoana.
Os que têm acompanhado as últimas movimentações na Casa de Tavares Bastos já sabem que o nome de seu Presidente acaba de ser escolhido, pela maioria de seus colegas, aquele a ser indicado para o Tribunal de Contas do Estado – caso se confirme judicialmente que a indicação cabe mesmo aos Excelentíssimos Deputados.
A morte que já se anunciava não era bem a indicação de um Deputado, ainda que esta também já fosse certa e anunciada, mas a morte que se viu flamejante foi a da Casa.
Há poucos dias um dos Deputados usou a Tribuna para justificar que não se voluntariou a compor Comissão Parlamentar de Inquérito por acreditar que a Instituição não goza de credibilidade para “investigar” supostos crimes de mando, com isso, além de sepultar uma frágil reputação, acabou por admitir que não tentaria mudar o que estava posto.
Apedrejado por muitos, inclusive por esta que vos dirige essas linhas, o mencionado Deputado mostrou-se especialista no comportamento de seus colegas e na imagem do Legislativo alagoano.
Há pouco a ALE vestiu a carapuça.
Realmente não goza de credibilidade, seja para investigar crimes de mando, seja para fiscalizar atuação estatal, seja para deliberar assuntos de interesse público, seja para ter coragem de enfrentar a opinião pública e assumir as consequências de um voto aberto, enfim... simplesmente não tem credibilidade para indicar um nome à altura das mudanças que Alagoas precisa e clama.
Com todo respeito que o candidato, ora eleito, merece, seu nome representa, sim, mais do mesmo. O momento não é de observância de termos regimentais que não existem, sequer foram citados. Muito menos de manutenção de tradições que se mostram arcaicas, pouco frutíferas e que acarretaram em indicações que só contribuem para que Alagoas continue detentora dos piores índices, em nível mundial.
A esperança se mantém, agora não mais na sensatez dos “representantes do povo”, mas na caneta do Poder Judiciário. A esperança é que a representatividade prevista na Constituição Cidadã seja, enfim, observada e com ela anuncie-se não uma morte, mas o renascimento de uma sociedade.