“Não é no silêncio que os homens se fazem, mas na palavra, no trabalho, na ação-reflexão” (Paulo Freire)
Não parece ser nenhum absurdo afirmar que vivemos, em Alagoas, um momento de total desorientação política e social. Para, além disso, vivemos também uma total desorientação do papel do Estado junto as suas funções básicas, principalmente em relação à educação.
Junte-se a isso uma crise sistêmica no interior das casas legislativas municipais e estadual, com total ausência de representatividade; consequentemente, total falta de fiscalização, proposições e ações que exponham a real situação das condições sociais dos alagoanos. Deste modo, não é estranho que a educação pública estadual de Alagoas viva, hoje, um dos seus piores momentos. Depois de cinco anos de completo abandono e descaso, sem planejamento ou qualquer tipo de ação visando transformar um quadro que há décadas acumula índices inaceitáveis, agora tentam privatizá-la. Exato. O governo Teotônio Vilela quer privatizar a educação pública estadual.
No dia 30 de novembro de 2011, foi sancionada a Lei nº 7.288 que permitirá – pasmem – a venda de espaço de publicidade nos uniformes dos estudantes matriculados na rede pública. Ou seja, um completo descalabro! Comandada pela “patota” do senhor senador Benedito de Lira e seu filho, o deputado federal Arthur Lira, a Secretaria Estadual de Educação (SEE) virou um lote político.
Não bastasse a desobediência do senhor secretário, Adriano Soares, ao parecer da PGE sobre pagamento de “serviços prestados” sem licitação; e também, a intervenção na Escola Estadual Mota Trigueiros – determinando o afastamento dos diretores atuais, assim como do conselho escolar, eleitos em processo democrático – agora querem vender espaço publicitário nas camisas dos estudantes da rede pública. Querem transformar a educação em uma mercadoria e os estudantes em outdoors de empresas privadas.
Que o projeto do PSDB representa uma ruptura efetiva com a esfera pública estatal em favor dos interesses de empresas e grupos privados, não há dúvidas, porém, chegar ao ponto de usar o uniforme dos estudantes é uma atitude completamente inadequada, inaceitável e injustificável.