O fato de cerca de 90% dos alagoanos depender dos serviços do Sistema Único de Saúde (SUS), sendo que a maioria não pode pagar por um plano de saúde, de acordo com um levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o que representa o segundo menor índice de cobertura de operadoras de planos de saúde na região Nordeste, reforça o caos enfrentado pelo Estado nessa área.
No entanto, o superintendente de atenção à saúde do Estado, Sival Clemente explicou que o SUS é um sistema disponibilizado para todos, independente de classe social e por isso, deveria estar preparado para receber a grande demanda, lembrando ser necessária uma parceria entre município, Estado e Governo Federal para isso.
“No fim das contas todos usam o SUS, mas pensam que isso só acontece na área assistencial. Existem as ações na promoção da saúde e ações de prevenção a doenças. A consequência disso é a alta demanda. O município tem que se responsabilizar pela atenção básica, enquanto o Estado faz o atendimento especializado, de alta complexidade e o Governo Federal pelo financiamento”, afirmou.
Segundo ele, o investimento no SUS é pequeno, por parte do Governo Federal, embora haja uma porcentagem a ser paga pelos municípios e Estados, destacando que há 10 anos a aprovação da Emenda 29, que garante mais recursos para a saúde, tramita no Congresso.
“É possível melhorar o atendimento se houver comprometimento. O SUS é um sistema universal, poucos países têm um sistema assim, como nos EUA, onde quem pode pagar é atendido. Mas, o financiamento para a saúde é limitado. Os municípios pagam 15% e os Estados 12%. Isso não acontece com o Governo Federal, que arrecada mais”, destacou.
Reclamação
Após sofrer um acidente de moto, o educador Ângelo Correia, que não tem plano de saúde, passou 11 dias a espera de uma cirurgia. Ele contou que ao chegar no Hospital Geral do Estado (HGE) tirou um raio x e ficou no corredor esperando atendimento médico, pois precisaria ir até Coruripe para fazer a cirurgia.
“Se o SUS fosse bom ninguém precisava ter plano de saúde. O HGE não faz cirurgia da fratura, manda todo mundo pra Coruripe, acho que é um jogo político.Tinha uma senhora do meu lado, que quebrou a bacia e falou que já estava há 15 dias esperando o médico”, lamentou.