A proibição na venda de remédios para emagrecer, feita pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ainda vem causando muitas dúvidas, principalmente quanto ao uso da Sibutramina, que atua no sistema nervoso central e antes era um medicamento de tarja vermelha e passará a ter tarja preta, que está condicionado à receita médica, em casos extremos, com três vias, uma para o farmacêutico, outra para o paciente e a terceira para o especialista.
É o que explica o diretor da Vigilância Sanitária de Alagoas, Paulo Bezerra, lembrando que as farmácias têm 60 dias para se adequarem à determinação da Anvisa. Ele explicou que será feita uma fiscalização educativa e afirmou que os remédios para emagrecer vêm sendo utilizados de forma desordenada no Brasil, com base em dados que apontam que no país o uso é maior que nos Estados Unidos, que possui o dobro da população, com altos índices de obesidade.
“As anfetaminas, utilizadas para emagrecer, foram proibidas. O único que continua é a Sibutramina, mas com restrições. As farmácias já devem começar a tirar esses medicamentos das prateleiras, pois eles trazem mais riscos do que benefícios. No ano passado, a população dos EUA consumiu 170kg de remédios para emagrecer enquanto no Brasil foram 5500 kg. Isso ressalta o uso descontrolado, por causa da vaidade que faz as pessoas apostarem no mais fácil, ao invés de procurar uma academia ou dieta”, disse.
Bezerra ressaltou que caso seja percebido algum problema no paciente, após o uso da medicação, isso deverá ser informado pelo médico à Anvisa. “Só um especialista, ou seja, um endocrinologista, poderá receitar. Mas, o paciente deve assinar um termo atestando saber dos riscos que corre. Antes, o médico receitava a medicação para ser usada por 60 dias, agora só serão 30”, explicou.
Estudos apontam que o consumo de sibutramina aumenta o risco de problemas cardíacos, por isso ela deixou de ser vendida como medicamento comum e passou a integrar a categoria dos anorexígenos, drogas que exigem receita especial. Mas, endocrinologistas temem que a medida deixe os pacientes com obesidade sem opção de tratamento, já que o controle da fome e da saciedade ocorre no cérebro.
Uso sem prescrição
Um jovem, que preferiu não se identificar, contou ao Cadaminuto que conseguiu adquirir medicamento para emagrecer sem receita, de forma clandestina. Ele afirmou que conseguiu emagrecer 9 kg em três meses e nunca teve nenhuma reação adversa.
“Tomei o último comprimido ontem. Comprei o Desobsei e Fenpreporex no mercado negro. Foi R$ 40,00 a caixa. Um rapaz que trabalha comigo consegue adquirir”, revelou.
A professora Aline Guimarães informou ser a favor da proibição do uso de emagrecedores, com exceção nos casos extremos. Ela contou usar diurético natural de alcachofra, que evita a retenção de líquido no organismo.
“Sou contra, por causa dos efeitos colaterais. Proibir é necessário, porque ninguém pensa nos efeitos ou quer tomar remédios naturais. Emagrecer com saúde é o ideal, ninguém quer ir à academia”, informou.