Um desvio de cerca de R$ 10 milhões foi descoberto pela diretoria da Caixa Beneficente da Polícia Militar. A denúncia foi feita pelo presidente, Coronel Ivon Berto, durante uma coletiva de imprensa. O coronel assumiu a direção da entidade há quatro meses e afirmou ter encontrado diversas irregularidades nas contas, após a realização de uma auditoria. Além de encontrar o rombo milionário na instituição filantrópica, o Coronel afirma ainda ter descoberto um esquema de fraudes em guias de recolhimento trabalhistas.
A irregularidade veio à tona após a entidade ter sido informada pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT) de que os depósitos referentes às faixas de recolhimento de verbas trabalhistas não estavam sendo entregues. Segundo o Coronel, ao entrar em contato com o órgão, a entidade descobriu que as guias de recolhimento apresentadas pelo advogado eram falsificadas.
Durante um período de cinco meses, deixaram de ser recolhidos R$ 40 mil. A investigação agora será feita para saber se existe participação do advogado Cláudio Coelho, que é apontado pela diretoria como o grande articulador do esquema, que já dura aproximadamente 10 anos. “O dinheiro recolhido deveria ter sido depositado pelo advogado, mas descobrimos que isso não era feito. Quando fomos comunicado dos atrasos e apresentamos os comprovantes, a Caixa nos informou que todos eram falsificados”.
Ivon Berto disse ainda que ao cobrar explicações do advogado, foi informado que os depósitos eram realizados e que se houve falsificação partiu de um funcionário da Caixa Econômica Federal, cujo nome não foi divulgado à imprensa.
Mas isso foi apenas a ‘ponta do iceberg’ como definiu Ivon Berto. Após uma análise minuciosa nas contas da entidade, a diretoria constatou que um esquema ainda maior desviou cerca de R$ 10 milhões. Isto porque, os relatórios da auditoria apontaram que dos pagamentos pecuniários das pensões de viúvas de militares foram desviados R$ 1,5 milhão.
Além disto, outros R$ 8 milhões de débitos previdenciários foram verificados na entidade.
Durante os 10 anos de esquema, a entidade foi presidida pelos Coronéis Adroaldo Goulart (2001-2003); Rubens de Freitas Goulart (2004-2005); e José da Silva Coutinho (2006-2010). Atualmente, o Coronel Adroaldo Goulart ocupa o cargo de presidente do Conselho Deliberativo da Caixa Beneficente e por isso, Ivon Berto pediu seu afastamento, já que as investigações sobre o caso deverão acontecer pelo conselho. Quem irá ocupar o lugar é o Coronel Praxedes.
O atual presidente informou ainda que as cópias das denúncias serão entregues aos Ministérios Públicos Estadual e Federal (MPE e MPF) que devem acompanhar o andamento das investigações. Ivon Berto também já esteve na sede da Polícia Federal, onde informou o suposto envolvimento de um funcionário público federal no esquema de falsificação de guias.
“Hoje vou pedir ao secretário de Defesa Social segurança para mim e minha família, pois sei onde estou mexendo. Isso é apenas a ponta do iceberg”, declarou o coronel, lembrando que caso seja comprovado o desvio, os responsáveis deverão ressarcir a entidade e deverão responder a um Procedimento Administrativo.