Muitos líderes comunitários ganham destaque junto a suas comunidades e acabam chamando a atenção de políticos, que buscam apoio para conseguir os votos dos moradores da periferia para se eleger. Em alguns casos, houve um desfecho trágico, a exemplo do assassinato do líder comunitário do bairro do Vergel, Edvaldo Guilherme da Silva, o Baré Cola, atingido por 16 tiros em 2006. O crime teria sido cometido por motivos políticos.
No último dia 16, o atentado que causou a morte do líder comunitário Josivaldo Rocha da Silva, 34, conhecido como “Pai Veio”, que aconteceu no Povoado de Massagueira, em Marechal Deodoro, também pode estar relacionado à política, já que ele era bastante conhecido e pretendia disputar uma vaga para vereador nas eleições do próximo ano.
Recentemente em Maceió, dois líderes comunitários afirmaram ter recebido ameaças, feitas tanto por políticos quanto por traficantes. O líder comunitário do Village Campestre 2, Fernando José dos Santos, o “Fernando do Village” foi intimidado pelo vereador Luis Pedro dentro da Câmara Municipal de Maceió e afirmou que qualquer atentado contra ele deveria ser atribuído ao parlamentar, com quem já trabalhou.
Já o conselheiro tutelar e prefeito comunitário do Complexo Benedito Bentes, Silvânio Barbosa, que já foi candidato a vereador, disse conviver com ameaças feitas por traficantes da região e por isso, conta com segurança particular 24 horas por dia. Ele denunciou os envolvidos na morte e esquartejamento da dona-de-casa Maria de Lourdes Farias, ocorrido em julho, no Conjunto Carminha.
O cientista político Eduardo Magalhães explicou que muitos líderes comunitários são respeitados pela população e por isso, despertam interesses políticos. No entanto, afirmou que assassinatos com fins eleitoreiros podem ser considerados como um retrocesso no Estado. Ele disse que a exposição em prol dos direitos da comunidade passa a ser vista como ameaça, em alguns casos.
“O governo tem que proteger toda população, mas mesmo investindo na área de segurança o resultado é insignificante, diante dos casos freqüentes de violência. Quando esses líderes morrem, vítimas de traficantes já é absurdo, imagine se um político tem responsabilidade em tal crime. Quando se candidatam, eles podem sofrer críticas, mas não podemos admitir que casos de violência aconteçam na luta pelo poder”, destacou