O número limitado de vagas nas universidades federais e o alto custo das faculdades particulares no Brasil estão fazendo com que cada vez mais alagoanos apostem nas universidades da Bolívia e da Argentina, principalmente para conseguir cursar medicina.
Ao entrar em uma universidade fora do país, os estudantes têm que ficar longe da família, se adaptar ao clima e ao idioma do lugar. Os seis anos cursando medicina fora é apenas o começo, já que após concluir o curso os estudantes precisam revalidar o diploma aqui no Brasil.
Com os real valendo 4,342 pesos bolivianos e 2,578 pesos argentinos, os estudantes que vão para esses países gastam em média 1500 reais por mês contanto com moradia e alimentação, o que seria o preço de uma faculdade particular no Brasil.
No dia 18 de março deste ano, foi publicada uma portaria que institui o exame nacional de revalidação de diplomas expedido por universidades estrangeiras. O exame será aplicado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), em colaboração com a subcomissão de revalidação de diplomas médicos, da qual participam representantes dos ministérios da Saúde, Educação e Relações Exteriores e da Associação Nacional dos Dirigentes de Instituições Federais do Ensino Superior (Andifes), além do Inep.
O procedimento de revalidação é feito nas universidades públicas brasileiras. Para solicitar, os alunos precisam entrar com uma ação na universidade que o profissional prestou a prova. Apresentam seu diploma, passaporte e a grade curricular, além da tradução dos documentos.
Após a apresentação de todas as informações será feita uma análise por uma comissão, formada por professores do curso e assim, o profissional pode realizar uma prova ou uma complementação dos estudos. A decisão vai depender da conduta de cada universidade.
O baixo custo da universidade de medicina na Bolívia, e a facilidade de não precisar prestar vestibular fez com que Pedro Igor Barbosa largasse o curso de publicidade em uma universidade particular de Maceió e fosse tentar medicina, na cidade de Cochabamba, na Bolívia.
“Tomei essa decisão porque o Brasil não nos dá tanta oportunidade, no meu caso nas universidades federais e estaduais é muito complicado de ingressar. Comecei a pensar em ir para a Bolívia quando um amigo meu que estuda medicina por aqui me falou como era, então eu resolvi tentar, quando eu cheguei foi difícil me adaptar ao clima, por conta da altitude elevada e ao idioma do país, mas agora estou adorando”, declara o estudante.
Ao falar do medo de não conseguir revalidar o diploma ele conclui: “Medo de não conseguir revalidar o diploma no Brasil, todos têm, mas é basicamente como um vestibular baseado em tudo que estou aprendendo na faculdade, eu prefiro pensar positivo”.
Shelling Alves da Silva é alagoano e está no 10º período de medicina na Bolívia e de acordo com ele, todos os seus amigos conseguiram revalidar o diploma no Brasil. “Eu não me arrependo de ter vindo estudar da Bolívia, pois o ensino aqui possui muita qualidade e muita oportunidade. Apesar de tudo, a vida aqui não é fácil, é complicado estar longe dos amigos e da família, eu ainda retornarei a Alagoas para amenizar o sofrimento de muitas pessoas que necessitam de atendimento médico”, afirma Shelling.
O estudante ainda acrescenta que não está difícil revalidar o diploma. “O Lula instalou um plano piloto e a Dilma aperfeiçoou, como uma medida provisória. Existem empresas especializadas que ajudam os profissionais a resolver toda burocracia solicitada pelas universidades e na complementação da provas. Passar apenas com a prova é muito difícil, mas tem que tirar no mínimo 35 na prova para ter direito a complementação", explicou.