Ele teve 1.924 votos na eleição para vereador de Maceió em 2008 e era tratado como uma “joia” por seu partido, o PT de Alagoas, para as eleições de 2012, por seu trabalho na periferia de Maceió, mas após a Operação CID-F, da Polícia Federal, que desbaratou uma quadrilha que agia no INSS, o antes badalado Antônio Cícero Valério, o Professor Valério do INSS, funcionário do órgão, virou figura “non grata” entre os integrantes do partido.
Até o início da noite de hoje, Professor Valério saiu da condição de aposta nas próximas eleições municipais para foragido da Justiça, com prisão decretada pela 1ª Vara Federal em Alagoas. Pessoas ligadas ao PT de Alagoas, que foram procuradas pelo Cadaminuto, não se manifestaram ou disseram que não tem nenhuma relação com o funcionário do órgão federal.
Valério ganhou a alcunha de professor depois de assumir a cadeira de Educação Física no colégio Hélio Lemos, pertencente ao deputado estadual Temóteo Correa, de quem Valério já foi cabo eleitoral.
O Cadaminuto apurou que o Professor Valério era figura carimbada nos gabinetes petistas e realizava vários eventos nos bairros da Chã da Jaqueira e Chã do Bebedouro, seus redutos eleitorais.
Um dos poucos integrantes do PT a se manifestar, o deputado Ronaldo Medeiros, que dirigia o INSS na época em que a fraude acontecia, e que curiosamente é do mesmo partido que Valério, disse não ter nenhuma relação com o professor.
“Não tenho nenhuma relação com este rapaz e em meu gabinete ele jamais trabalhou, já que como funcionário público não podia exercer este papel” explicou ele.
Vários internautas, por meio de comentários em matérias publicadas no Cadaminuto sobre a operação, explicaram que estranharam como o Professor Valério enriqueceu tão rápido, andando inclusive com caminhonete de luxo, que teria sido comprada por um parlamentar.
O Cadaminuto também conseguiu fotos do Professor Valério em plena atividade política apoiando torneios de futebol e comemorações do Dia das Crianças. De acordo com as informações colhidas pelo Portal, muitos dos que hoje dizem não conhecer o líder comunitário, participavam destes momentos.
A operação
A Operação CID-F foi deflagrada na manhã de ontem (14) por agentes da Polícia Federal. Durante a ação foram cumpridos mandados de prisão preventiva e de prisão temporária, mandados de condução coercitiva (quando a pessoa é levada para prestar esclarecidos contra sua vontade) e 25 de busca e apreensão. Vinte e duas pessoas, entre médicos-peritos, servidores do INSS e contadores, estão presas na carceragem da PF, em Jaraguá.
Um servidor do INSS encontra-se foragido, mas advogados asseguraram que ele irá se entregar nos próximos dias. A quadrilha, de acordo com a PF, foi responsável por uma fraude no INSS, que gerou um prejuízo ao órgão de R$ 12 milhões.
A operação recebeu o nome CID-F (Classificação Internacional de Doença) em alusão à nomenclatura do código usado pelos médicos para descrever no prontuário de licença qual a doença do paciente.
O esquema
As investigações começaram em 2010 e correm em segredo de justiça mas, segundo a Polícia, a fraude acontece no INSS desde 2007. A descoberta aconteceu após denúncias que partiram de servidores do órgão. Com a comprovação das denúncias, os agentes da PF conseguiram comprovar os fatos e chegar até os chefes da quadrilha e todos os integrantes.
De acordo com os levantamentos, a Polícia Federal constatou que contadores criavam empresas fantasmas para criar vínculos empregatícios e desta forma conseguir os benefícios dos supostos funcionários junto ao INSS.
Após a criação da empresa fantasma, os contadores mantinham contato com os servidores do órgão para conseguir os benefícios como auxílio-doença e aposentadoria por invalidez. Os médicos integravam a quadrilha, pois eram responsáveis pelos laudos periciais que comprovava os problemas dos beneficiários para serem favorecidos.
Para que os supostos funcionários conseguissem atendimento com os médicos-peritos integrantes da quadrilha, o esquema burlava os procedimentos até que as remarcações pudessem coincidir com peritos da fraude.
As investigações identificaram que dentre os presos, cinco pessoas eram os ‘cabeças da quadrilha’, todos servidores e contadores. Indagado sobre a possibilidade de ramificações, Alexandre Borges disse que todos fazem parte de uma mesma quadrilha.