Falei, nas rapidinhas, sobre a contradição alagoana. Enquanto bombeiros paralisaram o Aeroporto de Maceió, deputados aumentavam seus salários. Existe coisa mais absurda do que essa? Existe contradição mais explícita do que essa? Eu respondo. Não existe.

Nossa classe política é de uma canalhice sem tamanho. Uma iniquidade sem limites. O duodécimo da Assembleia é um acinte. Enquanto escolas estão aos pedaços, deputados elevam seus vencimentos para 20.000 reais! O Judiciário sofre do mesmo mal. Varas no interior sucateadas enquanto o Tribunal faz propaganda na televisão.

Nada disso justifica a greve da polícia e dos bombeiros. Nem de servidor nenhum. É muito simples entender a razão. Servidores públicos não são obrigados a estar onde estão, em primeiro lugar. Se acham o salário baixo, vão para a iniciativa privada.

Depois, temos que entender que o “empregador” do servidor não é o governador. É o povo! É o povo que sofre com a violência e a ausência de serviços públicos básicos. Mas não é o povo quem controla os salários. Não é o povo quem define os rendimentos dos funcionários. Então o que acontece? A greve usa o povo como meio de pressão. Isso eu não admito.

Que fique claro uma coisa. Acho que funcionário público tem que ganhar bem. Principalmente os essenciais. Policiais e professores, por exemplo, ganham muito mal. Enquanto isso juízes e auditores ganham muito bem. Isso é verdadeiramente injusto. Mas nada disso justifica a greve.

Apoio toda a manifestação pacífica. Aluguem um carro de som e botem na porta do governador e dos deputados. Façam passeata até não mais poder. Sem vandalismo, é claro. Mas com a greve eu não concordo de jeito nenhum.

Ah! E para que não me acusem de interesse. Eu sou servidor público, hein? E se os professores federais fizerem greve, eu furo. A não ser que usem violência...