Em recente aula com meus queridos alunos, falando de Tomás de Aquino e de como a escolástica se opunha a uma visão nominalista do direito, chegamos ao debate atual sobre política. Aí me perguntaram sobre minha posição política, e eu disse: sou quase um libertário. “Quase”, significa que aceito abrir mão da ideia de direitos inalienáveis desde que necessidades sociais prementes indiquem a utilidade de medidas intervencionistas de bem estar. Desde que essas medidas se deem em um ambiente democrático e com caráter provisório.

Por isso sou a favor de educação universal e redes de proteção social, mas não abro mão da tese de que o estado oprime e, por isso, quanto menos estado melhor (respeitadas as funções de “guarda noturno”).

Para além da ideia liberal de que estado demais viola direitos individuais, também sou convencido da melhor eficácia social do liberalismo econômico e político. Isso mesmo. Não há apenas o argumento moral, há também o argumento pragmático. Quanto mais livre o país, menos pobreza.

Lembrei então de um dos textos que inauguraram o antigo blogue em plena crise econômica. O debate era justamente esse: o liberalismo gera pobreza, como dizem os esquerdistas?

Então escrevi:

Liberdade é "bem-estar"

 

Não é à toa que liberdade traz prosperidade. Basta dar uma olhadela no índice dos países com melhor IDH e vemos que eles são também os mais livres, ou seja, com instituições econômicas e políticas consideradas mais liberais e democráticas.

Quatro dos dez países mais livres segundo o Heritage Foundation (dados de 2008) estão também entre os dez melhores IDH do mundo. São eles Austrália (3º lugar em liberdade e 2º em IDH), Irlanda (4º lugar em liberdade e 5º em IDH), Canadá (7º lugar em liberdade e 4º em IDH) e Suíça (9º lugar em liberdade e 9º em IDH).

Além disso, os outros países da lista dos "dez mais" em liberdade pelo instituto Heritage ostentam ótimas posições no IDH. São eles: Hong Kong (1º em liberdade e 24º em IDH), Singapura (2º em liberdade e 23º em IDH), Nova Zelândia (5º em liberdade e 20º em IDH), Estados Unidos (6º em liberdade e 13º em IDH), Dinamarca (8º em liberdade e 16º em IDH) e Reino Unido (10º em liberdade e 21 em IDH).

Evidentemente que essa comparação precisaria de uma análise mais pormenorizada. Todavia, é indício forte da relação entre prosperidade e garantias de liberdade. O liberalismo ainda está aí, pelo bem da democracia. É por isso, amigos, que não abro mão da idéia de liberdade como valor moral e como política civilizatória.

É a liberdade que diminui a pobreza. É a previsibilidade dos negócios, o respeito às leis, a existência de instituições democráticas consolidadas, o respeito aos direitos individuais e, principalmente, à liberdade dos indivíduos que são as verdadeiras características de um Estado de bem estar social.

Ademais, o fato de o Brasil estar atrás da Líbia, Cuba e Arábia Saudita nos diz alguma coisa sobre nossa democracia, não é?