Duas ações policiais acontecidas este fim de semana evidenciaram uma situação que infelizmente vê se tornando corriqueira em Arapiraca, a relação da segunda maior cidade do Estado com o roubo de cargas e a venda de cabritos (carros roubados).
Na madrugada desta sexta-feira (20) policiais do município de Lagarto, realizaram a prisão dos arapiraquenses José Pinheiro de Lima Irmão, Jadson Tadeu Cavalcante Gomes e John Lennon Farias Santos, eles assaltavam veículos no interior da Bahia, Sergipe e Alagoas e levavam para Arapiraca onde negociavam com atravessadores.
Na mesma noite uma operação conjunta entre Policia Civil e Militar de Arapiraca estourou na noite de hoje um ponto de apoio de cargas roubadas em rodovias de Alagoas.
O local, onde são feitas obras de um futuro motel, localizado as margens da Rodovia AL-220, proximidades do povoado Canaã, zona rural de Arapiraca, a policia encontrou caminhões, cargas roubadas, armas e veículos utilizados nos crimes de roubo na região.
Os dois casos entraram para as incríveis estatísticas que fazem de Arapiraca a capital nordestina do roubo de cargas, título este dado pelos próprios caminhoneiros, como Carlos Yamamoto, de Londrina no Paraná que ao ser roubado em Porto Real do Colégio sabia que seu caminhão só poderia estar em um lugar ( e ele estava certo), em Arapiraca.
A polícia desbaratou somente nos últimos dois anos nada menos que cinco quadrilhas envolvidas neste tipo de atividade, entre elas uma operação onde cinco pessoas foram presas depois da descoberta de um galpão, na Rua José Gomes Barbosa, no bairro Verdes Campos, em Arapiraca.
A prisão de um policial militar Edilson Gomes de Lira, o Ed 10, também foi considerado pela polícia um duro golpe no roubo de cargas, pois pela primeira vez teria se levado para a prisão um dos chefes do esquema.
“A verdade é que fortunas foram feitas com esta atividade, em Arapiraca, empresários enriqueceram e contam com o apoio até de autoridades locais,o que torna mais difícil a atividade da polícia” contou ao Cadaminuto um delegado.
A quantidade de galpões e locais que servem para descarga de produtos roubados na cidade também impressiona. “Todos sabem onde ficam determinados locais, e só algumas ações policiais é que a coisa passou a ser controlada” explicou o mesmo delegado.
Cabritos
Em relação aos cabritos ( carros que servem como produto de roubo) a situação é tão grave quanto a encontrada nos roubos de carga.
Várias são as ocorrências envolvendo quadrilhas que roubam carros em vários Estados e vem a Arapiraca revender estes veículos por valores como R$ 3 mil, R$ 5 mil e até mesmo R$ 1 mil reais, dependendo do modelo.
A polícia prende sistematicamente estes bandidos, mas ainda não conseguiu chegar aos receptadores que compram os carros e o “maquiam” para revender em feiras de automóveis do Nordeste ou mesmo para a utilização destes veículos em outras atividades criminosas.
Os crimes passam desde a adulteração de chassis até o fornecimento de notas fiscais frias, que de acordo com a polícia mostra o envolvimento de autoridades e fortes empresários nestes casos.
Operações como a Estanque e a Tamaron desencadeada em setembro de 2008 prendeu entre outras pessoas, a ex-viúva de Severino da Bananeira, Lúcia, dois delegados da Policia Civil, Cicero Torres, hoje a frente da delegacia de Jaramataia e Gilberto França, que morreu em um acidente de carro e mais empresários e policiais da região como Branco do Cigarro, Sandro da Bebida, Ronaldo, e os policiais civis Alexandro Supla e Alberto. Além deles, também foram detidos o cabo do Corpo de Bombeiros Palmeira e o policial militar Adilson Santos.
A maioria destas pessoas foi solta pela Justiça e o Ednaldo Cicero da Silva nem chegou a ser preso pois foi avisado sobre a operação, o próprio Ednado chegou a ser detido com uma pistola 9mm em Feira Grande alguns meses depois mas foi misteriosamente liberado
“Novas operações vão ser feitas, está óbvio que as diversas prisões não conseguiram acabar com o roubo de cargas na região,mas hoje existe um efetivo combate a este tipo de atividade que levará a polícia a prisão de cada vez mais quadrilhas” finalizou o delegado. Assim se espera.
