Autoridades turcas pedem ao ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, detalhes sobre o apoio brasileiro ao programa nuclear do Irã. Em novembro do ano passado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu, em Brasília, a visita do presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad. Na ocasião, Lula defendeu o direito de o Irã desenvolver um programa nuclear próprio.

O assunto foi tema de reuniões realizadas nos últimos dias entre Amorim e autoridades turcas, em Ancara (capital da Turquia), quando trataram também dos conflitos no Oriente Médio.

Tanto é que hoje (6) Amorim almoça com o ministro de Negócios da Palestina, Riad Al-Maki. No encontro, a busca por um acordo na região de Gaza é o tema principal. Em novembro de 2009, Lula recebeu o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, e em seguida, conversou com o presidente de Israel, Shimon Peres. Com ambos, ele se dispôs a ser intermediador.

Diplomatas que acompanham as reuniões de Amorim informaram à Agência Brasil que o chanceler brasileiro e o ministro de Relações Exteriores da Turquia, Abdullah Gül, decidiram realizar consultas regulares para buscar uma aproximação de posições relacionando as prioridades para uma agenda internacional.

Tanto o Brasil como a Turquia terão assento provisório no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) até 2012. No total, o órgão reúne 15 países, dos quais cinco são permanentes e os demais ocupam lugar temporariamente por dois anos.

As reuniões de Amorim na Turquia motivaram os governos do Brasil e daquele país a intensificar as negociações para aumentar o comércio bilateral. A ideia é acabar com a bitributação imposta a nações que têm representações nos dois países e facilitar as medidas sanitárias para vários produtos, como carne vermelha e frango.

O governo turco se ofereceu para fazer a intermediação entre empresários do setor da construção civil, a iniciativa privada e o Poder Público brasileiro. Em meio à realização da Copa do Mundo no Brasil, em 2014, e das Olimpíadas no Rio de Janeiro, em 2016, os turcos têm interesse em investir no Brasil.

A visita de Celso Amorim à Turquia ocorre no momento em que a Petrobras executa uma série de ações para exploração de petróleo no Mar Negro. Há três dias, a estatal brasileira realizou uma das maiores operações já feitas no exterior ao instalar uma plataforma no Mar Negro para dar início às buscas.

Para viabilizar um acordo comum, o governo brasileiro enviou representantes do Itamaraty, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), do Ministério da Agricultura, da Petrobras, da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) e do Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro).

A intenção das autoridades brasileiras é definir os termos do acordo até o dia 27 de maio, quando o primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, visitará o Brasil para assinar o documento. Antes, porém, empresários turcos virão ao país no esforço de ampliar o comércio bilateral.