Galvão Bueno, Walter Casagrande, Neto e outros nomes do jornalismo esportivo deram chilique diante da notícia sobre a “camisa vermelha da Seleção Brasileira”. Era o que faltava. A suposta novidade sobre o uniforme para os jogadores estaria sendo discutida entre a CBF e uma empresa fabricante de material para atletas. Pelo que entendi, seria uma jogada de marketing elaborada por poetas do universo publicitário.

O curioso é que, para atacar a avermelhada camisa imaginária, esses profissionais usaram adjetivos como “ridículo” e “absurdo” – sem perceber que os termos cabem à perfeição para eles próprios. Esbravejaram sobre uma especulação de um site estrangeiro, sem qualquer apuração quanto à veracidade das informações. A reação expõe a mediocridade de um jornalismo superficial, à base do sensacionalismo.

Galvão Bueno, é claro, supera as piores expectativas. Para ele, estamos diante de um “crime” e de uma “ofensa ao povo brasileiro”. Casagrande falou ainda em “indecorosa ideia”, uma “imbecilidade” e um “desrespeito à Seleção”. O aloprado Craque Neto recorreu a um de seus bordões para uma análise mais filosófica: “Estão de sacanagem”.

E é óbvio que os patriotas enlouqueceram nas redes sociais. Nossa bandeira é verde, azul e amarela. O Brasil não é comunista. Flávio Bolsonaro exaltou “nossa identidade nacional” e atacou o que considera uma “afronta a tudo o que representa o orgulho do nosso povo”. Nikolas Ferreira, Cleitinho e Carla Zambelli também subiram nas tamancas. 

Filiado ao PL, o deputado federal Zé Trovão, esse monumento da política, foi além das palavras. Num contra-ataque fulminante, ele já apresentou projeto de lei que obriga o uso das cores da bandeira no uniforme de atletas de todos os esportes. Qualquer variação de tonalidade está proibida. Parece piada, é uma piada, mas é verdade. 

Tudo bem, todos aí estão muito preocupados com a defesa da cultura nacional e do nosso povão. Eu acho que Leonardo Dias, Thiago Prado, Cabo Bebeto e Fábio Costa deveriam seguir o exemplo de Zé Trovão. Afinal, esse quarteto fantástico está sempre vigilante no combate ao monstro comunista que ameaça nossas famílias. É ou não é?

No Brasil comédia, diria Assis Valente, é vestir uma camisa listrada e sair por aí.