O sentimento de medo decorre de uma ameaça, seja real ou imaginária. Diante de tal situação, o indivíduo reage para se proteger daquilo que pode lhe provocar perdas e danos. É com essa sensação incômoda que figuras da política alagoana são obrigadas a lidar hoje em dia. Um exemplo é Arthur Lira. Depois de quatro anos na posição de um dos homens mais poderosos da República, o parlamentar encara um grande temor.
O ex-presidente da Câmara dos Deputados voltou à planície e não tem mais o poder de vida e morte sobre rivais e aliados. Relator do projeto de isenção do Imposto de Renda para quem recebe até 5 mil reais, Lira tenta se revigorar em alguma medida. Ele sabe o quanto o governo aposta na aprovação da proposta enviada ao Congresso.
Mesmo que consiga faturar um extra com a habitual chantagem sobre o Planalto, isso não garante a ele o que mais lhe interessa: votos para uma eleição ao Senado. O mandachuva do Progressistas vive sob tensão cada vez maior, que pode ser explicada da seguinte forma: que medo terrível de ficar sem mandato a partir de janeiro de 2027.
O natural para Lira é uma candidatura a senador. A tempestade perfeita seria uma vitória para o Senado e a eleição de um de seus filhos para deputado federal. Ocorre que essa aventura é a opção mais temerária à sua disposição – ao contrário de uma disputa para renovar o mandato na Câmara. Daí o impasse que ele precisa resolver.
São duas cadeiras em jogo para o Senado. Nas pesquisas, Renan Calheiros é favorito para se manter na Casa. Sobra uma vaga para possíveis pretendentes de peso – como o prefeito JHC, o ex-deputado Davi Davino e o deputado Alfredo Mendonça. São nomes que não podem ser subestimados, com potencial para muitos votos.
A situação de Arthur Lira é mais ou menos a mesma do prefeito de Maceió. Também ele está de olho numa eleição imprevisível. Seu alvo é o governo estadual. O problema é o virtual adversário, tido como favorito – o senador Renan Filho. Ministro de Lula, ele já decidiu que deixará o cargo no prazo legal para “estar disponível” a uma candidatura.
Medo. Perigo. Alternativas arriscadas. É com esse conjunto de conceitos, ideias e circunstâncias que a turma no topo da política alagoana avalia o que fazer. Por isso, as escolhas definitivas não saem este ano. Até 2026, há espaço para mudança de rota.