Independentemente do que possa achar da ação de Collor na presidência da República, é visível o desprezo com que ele foi tratado pela imprensa nacional, assim como a sua prisão.
Claro que o ex-presidente tem muita culpa no cartório, e está evidente ao longo da sua trajetória política, mas a mídia vai abrindo mão, pelo menos até agora, de resgatar a sua história para que ela não possa ser repetida (o que é difícil, mas possível).
Por exemplo: mostrar como um aventureiro, político profissional, chegou à presidência da República com um discurso de outsider, apoiado e financiado por oportunistas de toda ordem – locais e nacionais.
Ficou fácil, depois, todos dizerem que foram enganados, mas a conta foi paga mesmo pelo povo.
Ao fim e ao cabo sempre é importante destacar que Collor não teria chegado tão longe sem ter cúmplices tão poderosos.
E nada pior do que engolir esse discurso de negação da política de quem quer usá-la para cometer crimes em série.
O que vale, inclusive, para boa parte da grande imprensa brasileira.