A cidade de União dos Palmares é conhecida pelo seu artesanato, Dona Irinéia com suas belas esculturas em barro e também é terra do crochê e do ilustre Fusca Fuxico. Palmarinas viram nessa arte uma oportunidade de empreender e de inspirar pessoas através de seus pontos. Dona Lucinha e Djaina são duas artesãs que fazem sucesso na Terra da Liberdade, em Alagoas e Brasil afora.

Pontos que transformam
Dona Lucinha Vergetti começou a fazer crochê há 58 anos e, desde então, nunca mais parou. Embora não viva exclusivamente do crochê, ele complementa sua renda e funciona como uma terapia pessoal. “É um antidepressivo. Me distrai, me traz alegria”, diz. Começou trabalhando com itens de cama, mesa e banho, mas, hoje em dia, o vestuário tem sido seu carro-chefe.

Vestuário é a paixão de Djaina, que faz crochê há cerca de 30 anos. Começou nova e aprendeu através de sua avó Corina, que a ensinou seus primeiros pontos. Hoje em dia, ela repassa os ensinamentos que aprendeu de sua avó a outras mulheres.

Peças de crochê confeccionadas por Djaina - Arquivo Pessoal

Ensinar e empoderar
Djaina informou à reportagem do CadaMinuto que trabalha na Secretaria de Assistência Social, dando aula a grupos de mulheres que são assistidas pelos Centros de Referência de Assistência Social (CRAS) e Centro de Referência de Atendimento à Mulher (CRAM) há 5 anos. 

“Para mim, é uma satisfação passar um pouco do meu conhecimento para cada uma delas e estimular o empoderamento, para que tenham seu próprio dinheiro e independência financeira”, relatou a artesã.

Aulas de crochê ministradas pela artesã - Arquivo Pessoal

Colorindo as ruas com linhas e afeto
O emblemático Fusca Fuxico de Dona Lucinha vem ganhando o mundo com sua originalidade. “Eu fiz por brincadeira, para sair da depressão. Jamais imaginaria que ele iria chegar onde ele está chegando, já fui a 10 cidades com ele, para mim é um sonho realizado”, disse a artesã ao CadaMinuto.

Fusca Fuxico de Dona Lucinha - Foto: Maria Eduarda Carvalho

A artesã levou cerca de sete meses para transformar seu Fusca no famoso Fusca Fuxico. Viu nas linhas uma oportunidade de dar uma repaginada no carro e deixá-lo com mais personalidade e mostrar sua arte por onde passa.

“Eu tinha uma professora que sempre dizia: ‘Olhe, o crochê é criação, quanto mais você cria mais você vai se aperfeiçoando, não procure estar imitando os outros, procure criar’. Tudo no começo é difícil, mas é um difícil gostoso de fazer. Quero que as pessoas façam como eu fiz, não só pelo dinheiro, mas pelo amor, pelo cuidado de fazer e pelo tempo que a gente fica fazendo, porque, quando estou fazendo meus pontinhos, não fico pensando besteira, estou focada pensando neles”, explicou Dona Lucinha.

A crocheteira Djaina também deixa uma dica para quem deseja começar: “É um trabalho que requer paciência, foco, determinação e, principalmente, dedicação e amor para que, no futuro, se transforme em fonte de renda. No começo foi difícil, mas passei a me aprimorar nos cursos e melhorei a cada peça feita. Com persistência, tudo dá certo.”

As artesãs são exemplos vivos de como o crochê pode ir além da agulha e da linha, transformando vidas, despertando independência e promovendo conexões.

Tradição que atravessa gerações
Conforme a pesquisa “Estado da Arte do Artesanato Alagoano 2020”, realizada pelo Sebrae Alagoas, o setor de artesanato em Alagoas carrega uma riqueza cultural imensurável e um perfil relativamente estável nas duas últimas décadas.

Segundo o SEBRAE, o artesanato alagoano é predominantemente feminino, com a maioria dos profissionais entre 30 e 59 anos. “A transmissão de conhecimento ocorre, majoritariamente, de forma tradicional, passada de geração em geração dentro das famílias ou ensinada por mestres artesãos locais”, informou. Apesar da grande quantidade de artesãos, apenas 30% deles têm a atividade como a principal fonte de sustento.

De acordo com Marina Gatto, gestora do Artesanato do SEBRAE, Alagoas tem aproximadamente 18.000 artesãos registrados através do número de carteiras do artesão emitidas. “A carteira nacional do artesão é um documento que formaliza a atividade artesanal e é oferecida pelo Programa do Artesanato Brasileiro (PAB), que fica na responsabilidade da Secretaria de Relações Federativas e Relações Institucionais do Governo do Estado (SERFI).”

Como começar a empreender no artesanato?
A gestora dá algumas dicas para quem quer começar a empreender nesse ramo:
Formalização: Tenha o registro da carteira de artesão. Isso formaliza a atividade e facilita o acesso a benefícios.


Capacitação: Procure cursos de qualificação e aperfeiçoamento. O SEBRAE frequentemente oferece oficinas e cursos sobre finanças, gestão de negócios, preços, marketing e vendas.


Redes de Contatos e Feiras: Participar de feiras, encontros e redes de contatos com outros artesãos pode abrir novas oportunidades e mercados.


Vendas Online: Considerar redes sociais para ampliar o alcance do seu artesanato, levando-o a consumidores que não estão no mercado local.


Inovação: Incorporar técnicas e materiais novos ou inovar no design pode atrair uma clientela diferente e aumentar o valor percebido dos produtos.

O programa de Artesanato do SEBRAE auxilia o artesão com capacitações e treinamento sobre como gerir o negócio de forma eficiente. Consultorias que podem ajudar a planejar estratégias de mercado, finanças, design de produtos, marca, etc. Além de ajudar no processo de formalização dos artesãos, por meio de orientações sobre como obter a carteira de artesão e benefícios associados.

Encomende com quem transforma fios em arte: 

Djaina: 82 99189-4702

@djaina_arte

Dona Lucinha: 82 99979-6491

@fusca.fuxico

Imagens 1,3,5 Dona Lucinha

Imagens 2,4 Djaina 

*Estagiária sob supervisão da editoria