A Universidade Federal de Alagoas (Ufal) opera em 2025 com um orçamento inferior ao do ano anterior e acumula um déficit de R$ 15,2 milhões. A instituição alerta para o risco de paralisação ou redução de serviços essenciais, como segurança, limpeza, manutenção e fornecimento de energia.

Segundo nota técnica divulgada pela Pró-reitoria de Gestão Institucional (Proginst), a Ufal teve aprovada para este ano uma dotação de R$ 103,9 milhões para despesas discricionárias, destinadas à manutenção e ao funcionamento da Universidade como um todo. Em 2024, o orçamento para as mesmas despesas foi R$ 96,3 milhões, o que já foi 6% menor em relação ao montante empenhado em 2023.

“Essa redução nominal de 0,38% se torna ainda mais grave diante dos aumentos nos custos operacionais, especialmente com serviços contratados que são essenciais e não podem ser interrompidos”, aponta o documento. Em 2024, a Ufal já enfrentava um cenário de fragilidade orçamentária, tendo fechado o ano com um passivo contratual de R$ 9,4 milhões. Agora, somando esse passivo às dívidas acumuladas e às despesas vigentes, a Universidade já entra 2025 com um deficit orçamentário projetado superior a R$ 15 milhões.

Impacto direto no funcionamento da instituição

O impacto desse cenário já está sendo sentido em todas as áreas da Universidade. A gestão central iniciou o redimensionamento de 17 contratos custeados com recursos da rubrica 20RK, que afetam diretamente setores como manutenção predial, limpeza, sistemas de gestão, vigilância, rede lógica e apoio administrativo. Essas medidas impactam tanto os campi da capital quanto os do interior.

“Mesmo com o esforço das equipes técnicas e da gestão para manter a eficiência nos contratos e serviços, a insuficiência de recursos compromete o pleno funcionamento da Universidade”, destaca a nota. Ainda de acordo com o documento, os cortes afetam diretamente o ensino, a pesquisa e a extensão, além de comprometer programas de internacionalização, atividades acadêmicas e políticas de permanência estudantil.

Dívidas e litígios

A Ufal também enfrenta litígios significativos, como o do fornecimento de água no Campus A.C. Simões e demais unidades em Maceió, que envolvem um montante superior a R$ 22 milhões. Além disso, há mais de R$ 4 milhões em dívidas acumuladas de anos anteriores, muitas relacionadas a reajustes contratuais e repactuações não honradas por falta de repasses federais.

Em 2024, a dotação inicial de R$ 96,3 milhões só foi elevada para R$ 104,2 milhões após várias suplementações orçamentárias e forte atuação da gestão central da Universidade, mas, ainda assim, insuficientes para cobrir todas as despesas. A situação, segundo a Proginst, decorre do efeito da Emenda Constitucional do Teto de Gastos, que congelou investimentos em áreas essenciais como a educação, e ainda não foi revista dentro do novo arcabouço fiscal.

Ativa, mas ameaçada

Apesar do cenário difícil, a Ufal segue ativa em funcionamento graças ao esforço coletivo de servidores -docentes, técnicas e técnicos administrativos- e colaboradores. A instituição reforça que o Observatório de Contratos e o Fórum de Gestores têm atuado de forma contínua, buscando ajustes e soluções, mas destaca que a continuidade das atividades acadêmicas está diretamente ameaçada sem uma revisão urgente no orçamento.

A área técnica da Universidade permanece à disposição para esclarecer as medidas em andamento e reitera o compromisso com a transparência e o diálogo com a comunidade universitária. De acordo com o pró-reitor da Proginst, Jarman Aderico, será feita uma rodada de esclarecimentos com cada um dos segmentos que compõem a instituição para ampliar o acesso às informações sobre a atual situação da Ufal. 

*Com Ascom UFAL