O vereador de Maceió Marcelo Palmeira, filiado ao PL, parece ter decidido desmoralizar sua própria imagem em praça pública. Num dia, ele afirma que foi procurado por vários vereadores para fraudar um concurso público na Câmara Municipal. Queriam garantir indicados – à revelia do processo de seleção. Mas ele, coordenador do concurso, se manteve firme no cumprimento do dever e rechaçou “propostas indecentes”.
O que Palmeira relatou é facilmente tipificado como crime. Vinte e quatro horas depois, ele diz que não, nunca houve tentativa de fraude por parte de seus colegas no parlamento. O problema é que há um vídeo, como o CADA MINUTO já noticiou em texto da jornalista Vanessa Alencar. E o que está registrado é nada menos que escandaloso.
Na posse dos aprovados no concurso, Palmeira falou isto aqui: “Recebi visitas em casa de vereadores pedindo uma vaga: ‘São 54 vagas, eram 25 vereadores, agora são 27. É preciso dar uma vaga para cada’. Ouvi isso. Também chegaram até mim pedidos de amigos querendo saber se havia como ‘acessar’ o processo, influenciar o resultado. Propostas indecentes, algumas até com potencial de virar caso de polícia”. É verdade.
Nesta quinta-feira, porém, após a previsível repercussão, Palmeira negou tudo o que dissera na véspera, assim: “É importante destacar que não houve nenhum pedido de vereador para que fosse feito algum favorecimento. Apenas questionamentos se realmente seria um certame sério. E acredito que conseguimos dar a melhor resposta possível, pois foram aprovados os mais preparados”. E agora? Onde está a verrdade?
Na tentativa de limpar a barra de todo mundo – a sua e dos demais parlamentares –, o denunciante arrependido acrescentou o seguinte: “Tive a honra de coordenar esse concurso com seriedade e compromisso, tudo feito com zelo e respeito. Reafirmo aqui respeito aos vereadores da nossa cidade, à Câmara Municipal e a todos os servidores públicos. Quero parabenizar a Mesa Diretora do biênio anterior e atual”.
Como classificar uma história dessas? Fosse a Câmara Municipal de Maceió um ambiente de seriedade, Marcelo Palmeira teria de responder a um processo na Comissão de Ética da Casa. Teria de explicar em detalhes a denúncia que fez. No limite, o rapaz poderia ter o mandato cassado. A Comissão até existe, mas de atuação imaginária.
O vereador falou demais num momento de protagonismo paroquial. Quando se tocou, já era tarde. Salvo algum milagre, fica o dito pelo não dito, e não se volta mais ao assunto. O mais provável é que nada aconteça, além da desmoralização de Marcelo Palmeira.