A Justiça Federal determinou o afastamento de 11 servidores da Câmara Municipal de Maceió nesta sexta-feira (25), durante a Operação Falácia, que são ligados ao também vereador afastado Siderlane Mendonça (PL). 

Esses funcionários são suspeitos de integrar uma organização criminosa, com indícios de liderança por parte do parlamentar, envolvida em crimes eleitorais, corrupção e lavagem de dinheiro.

De acordo com decisão à qual o CadaMinuto teve acesso, durante o período eleitoral de 2020, Siderlane teria recebido cerca de R$ 245 mil na conta de campanha. 

A maior parte desse montante, segundo a investigação, teria vindo de doações feitas por servidores comissionados da Câmara, incluindo assessores e funcionários ligados diretamente ao vereador, que repassavam parte de seus salários de volta ao político.

O esquema investigado segue o modelo conhecido como "rachadinha", em que servidores públicos são obrigados a devolver parte de seus salários ao agente político que os nomeou. Essa devolução pode ocorrer por meio de transferências bancárias diretas ou pelo custeio de despesas do próprio político.

Por meio de vídeo publicado nas redes sociais na manhã de hoje, Mendonça afirmou que recebeu uma citação judicial no hotel em que está hospedado, em Brasília. Além disso, afirmou estar sofrendo “perseguição”. Veja abaixo:

 

 

“Os fatos serão apurados, porque até então eu nem sei do que se trata, e em breve serão esclarecidos. A população sabe do meu trabalho, da minha ética, da minha conduta e de tudo que eu faço em prol da cidade de Maceió. Continuarei lutando, não serão as perseguições que hoje eu estou vivendo que irão tirar o brilho das ações que nós desenvolvemos em prol do povo maceioense”, defendeu Siderlane.

Durante a operação, policiais federais cumprem 21 mandados de busca e apreensão, autorizados pela Justiça Eleitoral de Maceió, nas cidades de Maceió e Rio Largo. 

Além disso, serão executadas 17 medidas cautelares diversas da prisão, como o afastamento do cargo do vereador, suspeito de liderar o grupo, e o bloqueio de bens em valores superiores a R$ 200 mil reais. Veja o vídeo da saída dos agentes da PF da Câmara de Maceió:  

 

 

Em nota, a Câmara Municipal de Maceió informou que as diligências realizadas pela Polícia Federal foram exclusivas no gabinete de Siderlane e que a investigação trata do pleito eleitoral de 2020. Ainda afirmaram que o objeto da apuração não tem ligação com as atividades parlamentares nem com as rotinas legislativas da Casa. Confira a nota na íntegra: 

"A Câmara Municipal de Maceió informa que, em cumprimento a mandado expedido pela Justiça Eleitoral, a Polícia Federal realizou diligência na manhã desta sexta-feira (25), exclusivamente no gabinete de um único vereador, sendo a investigação relacionada ao pleito eleitoral de 2020.

É importante destacar que o objeto da apuração não possui relação com a atividade parlamentar nem com a rotina legislativa da Casa.

A Câmara reafirma seu compromisso com a transparência e o respeito às determinações do Poder Judiciário, atuando também na proteção das prerrogativas parlamentares e assegurando o pleno funcionamento do Legislativo.

Reiteramos, por fim, nosso respeito incondicional às decisões judiciais e às instituições envolvidas, colocando-nos à disposição para colaborar com as autoridades competentes no que for necessário."