O terceiro dia do julgamento pelo assassinato da jovem Roberta Costa Dias começou na manhã desta sexta-feira (25), no Fórum de Penedo, interior de Alagoas, com os debates entre acusação e defesa. Nesta fase, cada lado dispõe de duas horas e meia para apresentar seus argumentos, com possibilidade de réplica e tréplica.
Os trabalhos foram retomados após a suspensão da sessão na tarde de quinta-feira (24), quando os réus Mary Jane Araújo Santos e Karlo Bruno Pereira Tavares, conhecido como “Bruninho”, foram interrogados. No primeiro dia do júri, oito testemunhas de acusação foram ouvidas.
De acordo com o Ministério Público do Estado de Alagoas (MP/AL), o Conselho de Sentença optou por dar continuidade ao julgamento nesta sexta, sem o estender pela madrugada. A expectativa é que a sentença seja definida ainda hoje, encerrando o terceiro dia do júri.
Os debates entre acusação e defesa serão seguidos pelo momento em que os jurados se recolherão à sala secreta para responder aos quesitos relativos aos quatro crimes imputados a cada réu. A última etapa será a formulação da sentença, com base nas respostas do júri.
O promotor de Justiça Sitael Lemos é o responsável por conduzir a acusação, que imputa aos réus os crimes de homicídio triplamente qualificado, ocultação de cadáver, corrupção de menores e aborto provocado por terceiros.
Em sua fala inicial, o promotor destacou o quanto Roberta, de apenas 18 anos, era querida por familiares e colegas, ressaltando ainda sua coragem ao decidir seguir com a gestação, mesmo jovem e sem apoio.
“Então, em memória da jovem Roberta Dias e de seu bebê, deixo aqui meu carinhoso abraço à sua senhora [mãe de Roberta], ao seu esposo, que está sempre ao seu lado lhe dando apoio emocional. E aos seus convidados, que aqui demonstram seu suporte primordial, fiquem certos de que a sociedade — como normalmente aqui é registrado — não faltará com a justiça em relação à nossa saudosa Roberta Dias. Temos confiança”, afirmou o promotor.

Namorado da vítima confessou o crime
Saullo de Thasso Araújo dos Santos, ex-namorado de Roberta Costa Dias e pai do bebê da jovem, confessou ter cometido o crime durante seu depoimento no júri popular, que ocorre desde a última quarta-feira (23).
Em um relato que durou cerca de duas horas, Saullo que tinha 17 anos quando cometeu o crime e hoje está com 30, afirmou que premeditou o crime sozinho. Segundo ele, Karlo Bruno Pereira Tavares, também réu no processo e apontado como executor do assassinato, só tomou conhecimento da ação no momento em que foram buscar a vítima.
Durante o depoimento, Saullo também isentou a mãe, Mary Jane, apontada como autora intelectual do homicídio, de qualquer envolvimento, alegando que ela não sabia de nada sobre o crime no dia em que ocorreu. Por ser menor de idade à época dos fatos, Saullo não foi denunciado criminalmente, tendo sido responsabilizado por meio de representação na Vara da Infância e da Juventude.
A confissão será analisada pelo Ministério Público para verificar se faz parte de uma estratégia da defesa da mãe do réu com o objetivo de isentá-la de responsabilidade..
Veja a acusação do MP
Representando o Ministério Público do Estado de Alagoas (MPAL) na acusação, estará o promotor de Justiça Sitael Jones Lemos, da 4ª Promotoria de Justiça de Penedo — o mesmo responsável pela denúncia apresentada em 2018.
Os dois réus respondem por homicídio triplamente qualificado, com as seguintes agravantes: motivo torpe — por não aceitarem a gravidez da vítima e planejarem sua morte; meio cruel — por asfixia; e impossibilidade de defesa por parte da vítima. Também foram denunciados por aborto provocado por terceiro, tipificação aplicada quando a interrupção da gestação é causada por alguém que não a gestante.
Além disso, os acusados enfrentam acusações por ocultação de cadáver e corrupção de menores, uma vez que envolveram o adolescente Saullo na execução do crime.
Relembre o caso
Roberta Costa Dias desapareceu em abril de 2012, quando tinha 18 anos, grávida de três meses. Ela foi assassinada pós se recusar a fazer um aborto, a denúncia aponta que Mary Jane, mãe do namorado da vítima, articulou o crime, que teria sido executado com a participação de Karlo Bruno e de um adolescente, então companheiro de Roberta.
A jovem foi atraída até uma rua próxima a um posto de saúde e morta por estrangulamento com um fio automotivo. O corpo foi ocultado e a ossada só foi encontrada nove anos depois, na Praia do Pontal do Peba, em Piaçabuçu.