Alagoas é um dos destinos turísticos mais cobiçados do país. Pela sua riqueza natural, estrutura de serviços, baixo custo e baixos níveis de violência, o estado tem atraído, ano após ano, um número crescente de visitantes de várias partes do Brasil. Já é comum, também, encontrar turistas falando outros idiomas em restaurantes e supermercados, por exemplo.
Com uma rede de hotéis relativamente nova e uma gastronomia diversificada, que vai do sofisticado ao tradicional, Alagoas consegue competir em pé de igualdade com outros destinos que, por anos, dominaram o mercado turístico regional. Da capital ao interior, destacam-se polos de desenvolvimento onde as atividades de serviços têm se beneficiado com o fluxo de turistas.
Além da criação de marcas importantes, como todo o entorno das cidades de Piranhas e São Miguel dos Milagres, é necessário destacar os avanços nas condições da infraestrutura de transporte, como a melhoria das estradas e a ampliação do aeroporto de Maceió. Certamente, a conclusão do aeroporto de Maragogi trará inúmeros benefícios, incrementando o movimento de todas as atividades econômicas que orbitam e dependem do turismo.
É claro que Maceió se destaca nesse cenário, devido às suas características naturais. Além disso, possui o maior número de leitos hoteleiros e uma cadeia de serviços diversificada e estruturada. Conta, também, com um Centro de Convenções onde grande parte dos eventos é realizada. O turismo de eventos e negócios tem sido uma das molas propulsoras do desenvolvimento da atividade em nosso estado. Isso é tão evidente que Maceió já necessita de um Centro de Convenções maior e mais confortável, caso deseje atrair eventos de maior porte ou sediar vários ao mesmo tempo, competindo, assim, em condições ainda mais favoráveis com outras capitais que já contam com equipamentos mais sofisticados.
Diante desse panorama, surge a pergunta central: qual a relação entre ciência e turismo? Não, leitor, não haverei de dissertar sobre a produção de conhecimento envolvendo atividades econômicas relacionadas ao tema, fazendo citações de estudos e artigos científicos sobre turismo.
Bastarei em enfatizar a relação do sistema de ciência, tecnologia e inovação de Alagoas e sua contribuição para a evolução do turismo em nosso estado. Em 2024, o Maceió Convention & Visitors Bureau, uma fundação que promove o turismo no estado, publicou um relatório em que faz uma análise muito interessante sobre o perfil do turista e o impacto econômico do setor em Alagoas (ver link do relatório logo abaixo).
Nesse documento, constata-se que o turismo de eventos (associativos e esportivos) é maior que o de negócios, por exemplo. Em 2023, foram realizados 61 eventos associativos e 5 de caráter esportivo. Entende-se como eventos associativos aqueles relacionados a áreas de interesse específicas, pertencentes a uma entidade, como uma associação, um conselho ou outra instituição.
É nesse ponto que inserimos o tema “Ciência e Turismo”. Em 2023, o governo de Alagoas, por meio da Secti e da Fapeal, fomentou e apoiou, através de edital público, a realização de 25 eventos acadêmicos, científicos e tecnológicos. Foram dois de caráter internacional e 23 organizados por associações nacionais. Ou seja, mais de um terço dos eventos associativos realizados em Alagoas e registrados pelo Maceió Convention contou com o apoio da política de fomento em ciência, tecnologia e inovação do governo estadual. Em 2024, a Fapeal e Secti apoiaram 40 eventos associativos da comunidade acadêmica e cientifica, 75% dos 53 eventos associativos, esportivos e corporativos registrados pelo Maceió Convention, segundo o mais recente relatório da fundação (conferir link do documento logo abaixo).
Esse fomento governamental só é possível porque, do outro lado, na comunidade acadêmica e científica, há uma demanda cada vez mais crescente, em virtude da própria evolução dessa comunidade em termos de quantidade de programas de pós-graduação, número de pesquisadores e fortalecimento de nossas Instituições de Ciência e Tecnologia (ICTs), assuntos já abordados neste espaço em três artigos anteriores (ver links logo abaixo).
Sistematicamente, desde 2015, a Fapeal e a Secti têm lançado editais de apoio a eventos acadêmicos, científicos e tecnológicos em Alagoas, sejam de caráter internacional, nacional, regional ou local. Até 2024, o governo de Alagoas apoiou 288 eventos associativos, sendo 39 internacionais e 249 nacionais. Se não fosse a Covid-19, que afetou o calendário de 2020-21, certamente teríamos ultrapassado o número de 350 eventos apoiados.
A garantia de que o governo de Alagoas fomenta, todos os anos, eventos dessa natureza tem encorajado pesquisadores a buscar e captar encontros assim para o estado. São tratativas complexas, que levam de dois a três anos de negociação com sociedades científicas até que os eventos sejam aprovados e realizados em Alagoas. Para isso, é essencial que nossos pesquisadores se façam presentes nesses eventos em outros estados ou países, quase sempre apresentando trabalhos e expondo os avanços de suas pesquisas realizadas aqui.
Também a partir de 2015 o governo do estado tem se comprometido com editais de apoio à participação de pesquisadores em encontros científicos nacionais e internacionais. Até 2024, por exemplo, 265 pesquisadores alagoanos viajaram para eventos acadêmicos e científicos com o apoio do governo estadual. Desse total, 142 foram para mais de 100 destinos internacionais e 123 para outros estados brasileiros. Esse intercâmbio, além de promover importantes indicadores para o sistema de pós-graduação alagoano, permite prospectar novos eventos para serem realizados no estado.
Assim, muitos dos nossos pesquisadores assumem o papel de embaixadores do turismo associativo em Alagoas.
Ao longo de uma década, foram investidos pouco mais de seis milhões de reais por parte do governo do estado, através da Fapeal e da Secti, nesses dois importantes editais. Consideramos que essas ações têm um enorme impacto sobre a economia do turismo, o sistema de pós-graduação do estado dentro de nossas ICTs e o avanço da produção de conhecimento à disposição da sociedade alagoana.
Com investimentos governamental contínuos e a crescente participação da comunidade científica, Alagoas consolida-se não apenas como um destino de lazer, mas também como um polo de turismo acadêmico e associativo, ampliando seus horizontes econômicos e sociais.
Links para os artigos anteriores:
https://drive.google.com/file/d/1TNmONBg8TlZ4ViPuGc5_EDZgyyT6cy35/view?usp=drivesdk
https://maceioconvention.com.br/estudos-pesquisas/todos
https://www.cadaminuto.com.br/noticia/2025/04/19/alagoas-e-a-nova-geografia-do-conhecimento