A Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas (Uncisal) realizou, na quarta-feira (23), a primeira banca de heteroidentificação da graduação. A ação faz parte do projeto de extensão “Saúde da População Negra”, que oferece vagas reservadas para pessoas negras.
Coordenado pela professora Bárbara Lima, que também lidera o Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas (Neabi/Uncisal), o projeto representa um passo inédito na construção de ações afirmativas dentro da universidade. "Hoje é um dia histórico para a Uncisal. É a primeira vez que uma banca de heteroidentificação acontece dentro de um projeto de extensão com vagas afirmativas. Para o Neabi, isso é uma conquista enorme. É o começo de algo que esperamos ver se consolidar em toda a universidade", afirmou a professora.
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A banca avaliou quatro candidatos inscritos nas vagas reservadas. A comissão responsável pela análise foi composta pelos membros nomeados pela Portaria nº 1856/2025, publicada no Diário Oficial do Estado em 15 de abril de 2025. A presidência da banca ficou sob responsabilidade da professora Bárbara Lima, ao lado da professora Salete Bernardo e da técnica Janilce Marinho do Bonfim.
“A comissão de heteroidentificação foi recentemente instituída e já iniciou as atividades. Temos a esperança de que, em breve, as cotas também sejam uma realidade nos nossos cursos de graduação”, ressaltou Bárbara. Ela acrescentou que, com a formalização da comissão, a Uncisal já se prepara para a realidade de contar oficialmente com cotas raciais em seus processos seletivos para estudantes, docentes ou técnicos da instituição.
O projeto “Saúde da População Negra” é desenvolvido em parceria com o Instituto Akoben, fundado por Halbate Crima, de Guiné-Bissau, que também atua como vice-coordenador da iniciativa. O objetivo principal é desenvolver ações de prevenção, promoção da saúde, educação permanente e atenção primária à saúde da população negra, com uma formação antirracista e interprofissional voltada para estudantes das áreas de Medicina, Enfermagem, Fonoaudiologia, Fisioterapia e Terapia Ocupacional.
A proposta é enfrentar os efeitos do racismo estrutural e institucional, que impactam diretamente o acesso e a qualidade do atendimento nos serviços de saúde. Segundo dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS/IBGE, 2015), 23,3% das pessoas negras e pardas já se sentiram discriminadas em ambientes de saúde no Brasil. “Para mudar esse cenário, precisamos começar desde a formação dos profissionais. A universidade tem um papel fundamental nesse processo”, concluiu Bárbara Lima.
*Com Acom Uncisal