Iniciativas familiares e apoio técnico colocam o município entre os protagonistas da carcinicultura no Nordeste brasileiro
Coité do Nóia, pequeno município do semiárido de Alagoas, está no centro de uma silenciosa revolução produtiva que vem transformando comunidades rurais em polos de aquicultura sustentável.
A produção de camarão em viveiros com água salobra — antes considerada um obstáculo — tornou-se uma alternativa concreta de renda para dezenas de famílias locais, graças à união comunitária, à inovação e ao associativismo.
Um dos exemplos é o da produtora Rejane Madalena de Alcântara, que, ao lado dos oito irmãos, converteu a antiga propriedade do pai em um polo familiar de produção de camarões.
Tudo começou quando um dos irmãos, professor da rede pública, ouviu de um aluno sobre os benefícios da carcinicultura. Em 2018, ele decidiu investir parte do salário na construção dos primeiros tanques, inspirando os demais irmãos. Hoje, a família opera 29 tanques, todos membros da Associação dos Criadores de Camarão de Alagoas.
“Esse dinheiro faz toda a diferença para nossa família. Começamos pequenos, com muito esforço, mas com apoio técnico e dedicação, fomos melhorando o manejo e aumentando a produtividade”, afirma Rejane.
Outro nome de destaque em Coité do Nóia é Iury Amorim, engenheiro de pesca e presidente da associação. Visionário, ele construiu o primeiro viveiro escavado no município e mobilizou vizinhos para aderirem à nova atividade.
“A água salobra, antes considerada um problema, virou a base de uma economia familiar que muda vidas”, destaca.
A transformação de Coité do Nóia é parte de um projeto desenvolvido pela FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura), em parceria com o Ministério da Pesca e Aquicultura do Brasil e o Sebrae Alagoas, que leva assistência técnica e ferramentas digitais a pequenos aquicultores do estado.
A iniciativa está sendo implementada em seis municípios alagoanos e já resultou no crescimento da produção estadual: de 435 toneladas em 2018 para mais de 1.600 toneladas em 2023.
Com tanques ativos, novas perspectivas de renda e apoio contínuo à capacitação, Coité do Nóia se consolida como um exemplo de resiliência e inovação no semiárido brasileiro.
*Com informações FAO