A turma do União Brasil conversa com o Progressistas. Tucanos podem levar o que resta do PSDB a uma parceria com o Podemos. O Solidariedade está aberto a propostas de fusão. Essas são algumas movimentações pelo campo da direita. Mais à esquerda, PSB, PDT, PC do B e outras siglas avaliam as atuais e as virtuais novas federações. Cada uma dessas frentes, claro, busca se fortalecer para encarar a guerra eleitoral de 2026.

Na bagunça partidária brasileira, a formação de federações é a última das novidades políticas. Virou uma forma de manter alguma relevância após a restrição à farra de coligações forjadas pelo mais puro casuísmo. A cada ano ímpar, quando não se tem eleição, a Justiça Eleitoral define novas regras para a disputa seguinte. A opção por uma federação já se mostra pouco transformadora na insana proliferação de partidos.

Falei de direita e esquerda, mas a parada não é simples assim, preto no branco. Basta ver o caso do prefeito de Maceió, João Henrique Caldas. De socialista a bolsonarista, para JHC essa geleia ideológica é um clássico. O cara trocou o PSB pelo PL com a convicção de quem veio ao mundo para ser exemplo de firmeza de princípios. Exatamente agora, o influencer de Jaraguá negocia com o petismo sua volta ao campo progressista. 

A esculhambação político-ideológica pode ser constatada por diferentes situações. Exemplo gritante está na chamada base do governo Lula. Os citados União e PP, por exemplo, ocupam ministérios e, ao mesmo tempo, seus líderes tramam contra o governo de modo descarado. É o melhor dos mundos para arrivistas dispostos a tudo para garantir nacos de poder, sem compromisso com projetos do governo que integram.

Desde o fim do bipartidarismo – com Arena e MDB –, a fabricação em série de legendas acabou por bater num ponto sem volta. É por isso que há um consenso que atravessa décadas, segundo o qual partido pra valer mesmo é o PT. Não preciso explicar por quê. Até os terraplanistas da ultradireita sabem que este é um dado irrefutável. A organização do partido é uma das explicações para a volta de Lula depois de tudo o que aconteceu.

O país precisa de uma reforma eleitoral profunda. Ainda não será na eleição do ano que vem que teremos um processo mais racional. A formação de alianças segue o padrão caótico e nada transparente. A dificuldade é que uma mudança de verdade tem de sair do Poder Legislativo. Ocorre que, num Congresso tomado por bandoleiros, qualquer caminho para avançar nessa área é sabotado miseravelmente. Caso sério.