Hoje o mundo católico amanheceu “sedevacantista”, não porque contagiado pela praga de uma atitude cismática, mas porque surpreendido pela triste notícia do falecimento do nosso Pai, o Papa Francisco. Depois de um penoso calvário que se prolongou por meses, midiaticamente acompanhado, nas alegrias da oitava do Ressuscitado, Francisco fez sua Páscoa definitiva. Um misto de alegria e tristeza se assomou ao coração dos católicos. Tristeza porque é um irmão na fé, cuja missão era confirmar os irmãos nesta mesma fé, se foi. Alegria porque, à luz da Páscoa do Senhor, sabemos que a morte, para os que comungam em Cristo, é o Vere Dies Natalis, o dia do verdadeiro nascimento.

Francisco se foi... a cadeira está vazia..., mas só temporariamente. Daqui a alguns dias o Espírito Santo, sempre a partir da mediação humana, se encarregará de escolher outro irmão na fé e fazê-lo sentar-se no trono de Pedro, cadeira do serviço e do amor. Da mesma maneira que o discípulo amado, diante do túmulo vazio, “viu e acreditou” (Cf. Jo 20, 8), o católico contempla sereno a cadeira vazia, vendo-a e crendo que tal posto estará vazio apenas temporariamente, que a promessa que Cristo fez à sua Igreja estará de pé, que outro eleito brevemente a ocupará. Que Deus nos livre da peste do sedevacantismo! Que Deus não permita que façamos das palavras de Jesus pouco caso: “As portas do inferno não prevalecerão” (Mt 16, 18).

Ao Papa que se foi, à nossa oração. Que seu magistério, por vezes tão incompreendido, tantas vezes cinicamente mal interpretado pelos dois polos do espectro político-eclesial, possa iluminar a caminhada dos discípulos do Senhor em nosso hoje, como um legado permanente. A ele, à nossa admiração também; a este Papa, o primeiro “filho do Concílio”, que foi escolhido pela providência divina para sustentar o Báculo em tempos tão confusos e desafiadores. Ao Papa que logo virá... à nossa acolhida e obediência filial. Seja quem for, venha de onde vier, é sempre Pedro que se assentará na cátedra universal, sinal da unidade católica e de que as promessas do Senhor Jesus são infalíveis e se cumprem perpetuamente: “apascenta as minhas ovelhas” (Cf. Jo 21, 17).

Vá com Deus e a Virgem Maria, Santo Padre Francisco.

 

*Desde a Paróquia Universitária de Santa Teresinha de Lisieux, Doutora da Igreja, vos escreve seu irmão na fé, Pe. Sérgio Ricardo.