Uma das ideias fixas no bolsonarismo e na ultradireita é dominar o Senado a partir da eleição do ano que vem. Com maioria na Casa, a escória imagina que terá caminho livre para detonar as instituições a partir do Congresso. Um dos objetivos centrais nessa investida é o ataque ao Poder Judiciário, especialmente ao Supremo Tribunal Federal. Como se sabe, o sonho de Bolsonaro é aprovar o impeachment de ministros do STF.

É prerrogativa dos senadores aprovar os nomes indicados ao Supremo pela presidência da República. Do mesmo modo, cabe ao Senado julgar eventuais pedidos de afastamento de integrantes do tribunal. Há uma fila de iniciativas nesse sentido, todas baseadas em versões fantasiosas quanto ao desempenho de ministros. 

Essa é a pauta única, por exemplo, de senadores como Eduardo Girão, Rogério Marinho e Ciro Nogueira – este último, um gângster de notória folha corrida. Hoje, eles aprontam até umas horas, mas ainda não têm o domínio absoluto. Mas projeções feitas aqui e ali sobre as urnas de 2026 animam os bandoleiros. Estão certos da vitória.

A extrema direita em geral costura alianças estaduais para garantir o maior número possível de eleitos para o Senado. Asseclas espalhados pelo país fazem o mapeamento de nomes com potencial de voto. Não por acaso, Lula disse outro dia que a eleição para senador é tão importante quanto vencer de novo a disputa para presidente.

Pensando nisso, quais seriam os nomes “ideais” de Alagoas para esse projeto da extrema direita? São duas cadeiras em jogo. Se der a lógica, o senador Renan Calheiros renova seu mandato. É um nome que não atende aos anseios dessa gentalha golpista. Outros pré-candidatos na pista são Alfredo Mendonça, Arthur Lira e Davi Davino.

Assim, olhando de longe, Lira e Mendonça estariam mais perto das “teses ideológicas” de Bolsonaro e companhia. Desse modo, dos nomes cotados na disputa, a dupla parece mais sensível aos apelos de gente como Girão, Marinho e Nogueira. O quadro em Alagoas não é dos piores em relação a outros estados. Tomara que isso se confirme.

Chegar ao Senado com o carimbo na testa de golpista cuja meta principal no parlamento é achincalhar o STF é complicado. Mas é este o panorama num Brasil em que deputados e senadores pregam, agora mesmo, anistia para quem tentou um golpe de Estado. Por demandas espúrias, querem jogar no lixo regras e princípios da democracia. 

Eleger uma maioria no Senado para tentar destituir ministros que não agradem a uma corrente política é patifaria. E acaba sendo a confissão de um delito futuro. Renan Calheiros, como falei, não está nessa. Davi Davino também não tem esse perfil. E Alfredo Mendonça e Arthur Lira? Estão no projeto de Bolsonaro contra o Judiciário?

O eleitor precisa saber das intenções dos candidatos. Se não for agora, na campanha eles terão de explicar o que pensam sobre ataques sistemáticos a um dos poderes da República. O fanatismo politiqueiro (e corrupto) ameaça o futuro do país. Por aí.