O eleitorado se despediu de Heloísa Helena em 2012. Naquele ano, ela se elegeu vereadora em Maceió com 19.216 votos. A partir daí, foi ladeira abaixo. Após sucessivas derrotas, ela está sem mandato. Nesse intervalo de tempo, HH disputou cinco eleições – e perdeu todas. Em 2014, tentou voltar ao Senado, mas foi derrotada por Fernando Collor. A ex-senadora mudou o domicílio eleitoral e hoje reside no Rio de Janeiro. 

Antes de embarcar para o novo CEP carioca, Heloísa disputou em 2018 uma cadeira de deputada federal, mas perdeu de novo. Dois anos depois, um fracasso acachapante: com 5.267 votos, ela não conseguiu uma vaga para voltar à Câmara Municipal de Maceió. Após o fiasco inesperado, veio a mudança para outro estado, novos ares.

A escolha por outras praias não surtiu efeito em termos eleitorais. A alagoana disputou duas eleições pelo Rio. Em 2022, mais uma vez foi candidata à Câmara Federal. Ficou  na primeira suplência. No ano passado, o último fracasso: disputou o cargo de vereadora, mas os cerca de 12 mil votos não foram suficientes para garantir a vitória.

O nome de Heloísa Helena reapareceu na imprensa nacional por dois episódios. Primeiro, ela é suplente do deputado Glauber Braga, ameaçado de perder o mandato (a coisa agora deu uma esfriada, como já escrevi em texto anterior). HH também está no centro de confusões na Rede, o partido cuja estrela incontestável é Marina Silva.

O partido está rachado. Em lados opostos estão as alas da ministra do Meio Ambiente e da alagoana. As duas divergiram quanto à escolha para o comando da sigla. Um aliado de HH ganhou a eleição, num processo tomado por denúncias que podem bater na Justiça. Sem mandato, ela se move como os velhos caciques da burocracia partidária.

A aventura fluminense pode arranhar a imagem de Heloísa. Declarações de figuras como a deputada estadual Marina Helou atestam o que digo. Segundo ela – aliás, esta sim, uma renovação na política –, houve “fraudes e injustiças cometidas por uma maioria que deturpa os valores do partido”. HH tem tudo a ver com essa “maioria”. 

Se a imagem é justa ou não, fato é que os acontecimentos reforçam a fama de briguenta e desagregadora que, parece, acompanha HH desde o berço. A mulher que disputou a presidência da República em 2006, ainda quando estava no PSOL, pode virar a dona da Rede. O problema é o preço a pagar por esse “triunfo”: isolamento e irrelevância.