“Achei o camarão e o polvo bem mais caros este ano. No ano passado, ainda conseguia comprar um quilo de camarão médio por R$ 50. Agora, vi por R$ 70, R$ 80... tá puxado. É difícil manter a tradição com esses preços”, desabafa Valéria Silva, 48 anos, compradora de um restaurante em Maceió.
O relato de Valéria traduz a realidade de muitas famílias nesta Páscoa. A tradição de reunir peixes, frutos-do-mar e ovos de chocolate na mesa da Semana Santa ficou mais salgada em 2025, com aumentos expressivos que forçaram consumidores a reverem o cardápio – e, em alguns casos, a abrirem mão de costumes de longa data.
Peixe mais caro, mesa mais enxuta
De acordo com levantamento do Procon Alagoas, os preços subiram de forma significativa em diferentes bairros da capital. O quilo do camarão barba roxa, por exemplo, que podia ser encontrado por R$ 40 em 2024, este ano foi vendido por até R$ 70 no bairro do Jaraguá e chegou a R$ 90 na Ponta Verde.
O polvo também acompanhou a tendência, de R$ 70, passou para R$ 90. Já o sururu manteve a média de R$ 40, mas com menos variação entre as bancas — um respiro tímido diante do encarecimento geral.
A supervisora de fiscalização do Procon, Adelaide Melo, ressalta que o papel do órgão é oferecer alternativas ao consumidor e garantir transparência nos preços.
“Nosso objetivo é ajudar o consumidor a ter opções de lugares para pesquisar, economizar e comprar produtos de qualidade, sem cair em golpes e fraudes”, afirma.
Ela orienta que, diante de valores abusivos, o ideal é evitar a compra imediata e acionar a fiscalização por WhatsApp (82 9 8883-7586), pelo canal 151 ou presencialmente, com agendamento pelo site do governo estadual.
Chocolate, azeite e vinho também pesam no orçamento
E não foram só os produtos do mar que pesaram no orçamento. Os tradicionais ovos de Páscoa também ficaram mais caros. O Kinder Ovo de 150g, por exemplo, subiu de R$ 89,90 em 2024 para R$ 109,00 em 2025. Já o ovo da Barbie, voltado ao público infantil, foi de R$ 69,99 para R$ 79,99.
Azeites e vinhos, clássicos do almoço de Páscoa em muitos lares alagoanos, também seguiram a mesma linha: o azeite Andorinha extra virgem saltou de R$ 43,19 para R$ 59,98, enquanto o vinho Quinta do Morgado passou de R$ 14,99 para até R$ 19,00.
Com tantos aumentos, o que se vê é a criatividade e a adaptação das famílias para manter o espírito da celebração. “Não comprei ovo de Páscoa como fazia antes. Pretendo fazer uma sobremesa em casa mesmo, sai mais barato. E no almoço, troquei o bacalhau por um peixe mais em conta.
O importante é comemorar, mesmo que de um jeito mais simples”, conta Valéria. Ela diz tentar equilibrar tradição, qualidade e economia, mas admite: no fim, o que pesa mesmo é o valor final.
Diante do cenário, o Procon reforça a importância da pesquisa de preços e da denúncia. “Caso o consumidor perceba que os preços estão muito acima da média, pode nos acionar que nossa equipe vai ao local averiguar”, reforça Adelaide.
Mesmo com os desafios econômicos, muitos consumidores seguem apostando na união familiar e na criatividade para manter vivas as tradições da Semana Santa. “A gente dá um jeito. O importante é não deixar de celebrar”, finaliza.
*Estagiária sob supervisão da editoria