‘Ela sempre foi uma mãe carinhosa, cuidadosa. Nosso filho , de 5 anos, tem um pouquinho de autismo e ela o tratava com muito carinho e até me chamava atenção quando eu falava mais alto, em casa. Uma boa companheira. Não lembro a ultima vez que a gente teve alguma discussão’.- descreveu o marido da moça, que se fez órfã da sua bebê, de 15 dias, no município de Novo Lino, Alagoas.
Segundo o Ministério da Saúde: “ A depressão pós parto é uma condição de profunda tristeza, desespero e falta de esperança que acontece logo após o parto e traz inúmeras consequências, impactando a saúde mental da mãe, e o vínculo da mãe com o bebê, sobretudo no que se refere ao aspecto afetivo.
‘Minha esposa era tranquila, não tinha amigas, vivia basicamente comigo e nosso filho. Nunca gostou de ir na casa de amigas. Era uma mulher muito cuidadosa e simples. Estava muito feliz com a gravidez, e dizia:- Não vejo a hora de ter minha filha nos braços. ’
A depressão pós-parto (DPP) acomete cerca de 25% das mulheres que acabaram de dar à luz. Diferente do que muita gente acredita, ela não é uma doença exclusiva dos primeiros meses do puerpério. Na verdade, hoje se sabe que a mulher está sob risco de desenvolver DPP nos primeiros dois anos de vida da criança.
‘Minha mulher tinha ansiedade. Ela morava comigo em São Paulo. ( onde engravidou) e quando eu atrasava para chegar da Usina ela ficava nervosa, toda se tremendo.’
Ainda segundo o Ministério da Saúde: a principal causa da depressão pós-parto é o enorme desequilíbrio de hormônios em decorrência do término da gravidez, tem outros fatores de riscos , como privação de sono, isolamento, alimentação inadequada, ausência da rede de apoio e de cuidados
‘No sétimo dia , após o parto, minha mulher me ligou dizendo que queria voltar para São Paulo, (onde trabalho no corte de cana), pra ficar comigo. Disse que iria me organizar e daqui uns dois meses, buscaria ela e os meninos.’
Em alguns casos a DPP pode desencadear a psicose pós-parto, vontade súbita de prejudicar ou fazer mal ao bebê, pensamentos delirantes e irreais, que exige tratamento imediato, muitas vezes hospitalar.
Os casos que apresentem riscos, como de suicídio ou de infanticídio, devem ser encaminhados para a internação, de preferência em hospital
E não acredito que a mulher que conheci faria o que fez. Tenho certeza que ela teve um surto- diz o marido.
A DPP é um fundo do poço do qual pode ser muito difícil sair sozinha, mas, há luz no fim do túnel- sintetiza a médica Ana Jannuzzi formada na UFRJ, pós-graduada em Pediatria e Sono na Infância e Adolescência.
Solidariedade, desta ativista, Arísia Barros, a todas as mulheres que enfrentam a complexidade da DPP.
Se cuidem!
Alagoas tem políticas públicas, de proteção e cuidados para mulheres com DPP?
Fontes: Depressão pós-parto — Ministério da Saúde
https://www.uol.com.br/universa/noticias/redacao/2025/04/03/como-identificar-e-tratar-depressao-pos-parto.htm?cmpid=copiaecola