A nota divulgada pela Reitoria do Instituto Federal de Alagoas (Ifal), em resposta ao meu artigo “Oportunidade Perdida: O Ifal fora do salto científico de Alagoas”, tenta, sem muito êxito, construir uma narrativa de protagonismo institucional. Contudo, os números, as ações e, sobretudo, a ausência de resultados estruturantes falam mais alto que qualquer retórica celebratória.

A publicação, em tom visivelmente autocomemorativo, lista iniciativas como os “Espaços 4.0”, os “IFMakers” e a ampliação de grupos de pesquisa como provas de protagonismo. Contudo, ignora o ponto central da crítica: a inexistência de uma política institucional consistente de ciência, tecnologia e inovação, com metas claras, prioridades estratégicas e articulação real com o ecossistema científico e tecnológico de Alagoas.

Essa ausência fica ainda mais evidente quando observamos a recente publicação da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (Fapeal), datada de fevereiro de 2025, que apresenta dados do CNPq apontando um crescimento de 291% no número de pesquisadores no estado entre 2016 e 2023. O levantamento reconhece o protagonismo de diversas instituições alagoanas nesse avanço. O Ifal, entretanto, sequer é citado. Essa ausência, em um documento oficial da principal agência de fomento à pesquisa em Alagoas, é sintomática: não há protagonismo onde não há reconhecimento nem presença efetiva nas ações estratégicas do setor.

É preciso reconhecer com clareza: o que há de relevante sendo produzido no Ifal em termos de pesquisa e inovação decorre, majoritariamente, do esforço coletivo e silencioso de pesquisadores e pesquisadoras. São profissionais que se dedicam com compromisso ético e social à construção de conhecimento. Essa produção, muitas vezes invisibilizada pela estrutura institucional, é marcada não apenas pela busca por inovação, mas pelo desejo legítimo de transformar a realidade social, econômica e educacional do povo alagoano.

Esses profissionais atuam a despeito da ausência de diretrizes estruturadas, de editais internos consistentes, de apoio técnico permanente e de planejamento estratégico. São eles que mantêm viva a pesquisa no Ifal, não por impulso institucional, mas por convicção, consciência pública e responsabilidade social.

Enquanto Fapeal, Secti e universidades públicas constroem redes colaborativas, atraem investimentos e lideram projetos estratégicos, o Ifal continua distante dos grandes debates e oportunidades que moldam o presente e o futuro da ciência em Alagoas. Faltam indicadores de impacto, presença em editais nacionais, geração de inovação tecnológica, articulação com o setor produtivo ou mesmo participação ativa em políticas públicas estaduais.

Mais grave ainda é o tom defensivo com que se responde a uma crítica pública fundamentada. Uma instituição pública democrática precisa saber escutar o dissenso, não apenas para rebater, mas para repensar e aprimorar seu papel social. A resposta da Reitoria evidencia o despreparo institucional para o debate estratégico, substituindo o diálogo por narrativas vazias de resultados.

Reitero o que afirmei: o Ifal perdeu, e continua perdendo, a chance de liderar o salto científico de Alagoas. Isso não ocorre por falta de talento em seus quadros, mas pela ausência de um projeto estratégico de pesquisa e inovação. Falta articulação, ousadia e vontade política para sair do marketing institucional e entrar no campo das políticas públicas transformadoras.

Enquanto isso, seguimos dependendo da dedicação de servidores públicos que deveriam estar empoderados por políticas, recursos e planejamento, e não isolados em suas próprias trincheiras.

A história da ciência e da inovação em Alagoas será escrita por quem souber pensar grande, colaborar com inteligência e transformar conhecimento em ação concreta. Neste momento, infelizmente, o Ifal ainda hesita em ocupar o lugar que poderia — e deveria — estar liderando.