Com um pé na cova e outro na cadeia, Jair Bolsonaro não desiste de suas causas. Segue em campanha pela anistia a golpistas (e a ele mesmo, claro), além de insistir numa candidatura inviável para 2026. A partir deste fim de semana, pintou um novo fator na disputa presidencial do ano que vem. A recaída no estado de saúde de Jair Messias muda de lugar as peças do jogo na extrema direita. Decisões devem ser antecipadas.

Até agora, o ex-presidente se recusa a admitir que seu nome não estará nas urnas no próximo ano. A postura trava as negociações para a escolha de um aspirante da direita para enfrentar Lula. Barrado pela Justiça Eleitoral e à beira da condenação no STF, Bolsonaro aposta numa delirante virada de mesa. De novo, tenta levar na gritaria.

Mas essa estratégia apenas estica o impasse numa frente já atribulada para definir o “sucessor” de Bolsonaro. O tal mercado e as ditas elites já escolheram Tarcísio de Freitas, o governador de São Paulo, para levar o bastão adiante. O cara é vendido como um exemplar do “bolsonarismo moderado”. Esse quadro não é mistério para ninguém. 

A nova internação de Bolsonaro pegou seus aliados de surpresa. O homem estava em plena campanha, visitando estados do Nordeste. O que seria um simples mal-estar, passou a dores muito fortes e acabou em doze horas de cirurgia. Vamos combinar que essa duração diz uma enormidade sobre a situação do “mito”. O diagnóstico é grave.

Já internado, o líder da extrema direita no Brasil disparou mensagens para políticos defendendo a anistia aos golpistas. Em tom messiânico, tenta misturar toscamente um problema de saúde às questões da vida pública do país. Mais uma vez, a vitimização, o chororô e o mimimi – tudo na contramão de quem reclama do “coitadismo” da esquerda.

Resumindo. Como diria Bolsonaro, na sua turma de aventura política ninguém é coveiro. Logo, o pessoal está, a partir de agora, mexendo peças para acelerar o descarte do Jair e a escolha de outro nome como candidato a presidente. Veja só: a defesa do réu já fala em “prisão domiciliar” caso haja condenação. Por isso falei em pé na cova.

A torcida deve ser pela recuperação do denunciado. Quem cometeu os crimes que Bolsonaro cometeu tem de responder na letra da lei. Ele precisa encarar o julgamento, com o pleno direito de defesa, e cumprir a sentença que esperamos esteja a caminho.