Alagoas acaba de alcançar um marco histórico. Entre 2016 e 2023, o número de pesquisadores no estado passou de 2.743 para 10.736, representando um crescimento de 291%, muito acima da média nacional de 24%. No mesmo período, o número de doutores subiu 356%, resultado direto de políticas públicas de ciência, tecnologia e inovação conduzidas pela Fapeal e pela Secti. Instituições como a Ufal, Uneal e Uncisal são citadas como protagonistas desse avanço, consolidando-se como polos de produção de conhecimento e inovação.
No entanto, causa estranhamento e preocupação a ausência do Ifal nesse processo. Uma instituição pública federal, presente em todas as regiões do estado, corpo técnico e missão institucional claramente voltada à produção de conhecimento, não aparece entre as referências do crescimento científico alagoano.
A missão do Ifal é clara: “Promover educação de qualidade social, pública e gratuita, fundamentada no princípio da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão, a fim de formar cidadãos críticos para o mundo do trabalho e contribuir para o desenvolvimento sustentável.” Se essa missão estivesse sendo seguida com coerência no campo da pesquisa, seria impossível que o Ifal passasse despercebido em um momento como este.
Infelizmente, o modelo de gestão da Pró-Reitoria de Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação (PRPPI) tem priorizado ações de forte apelo simbólico, como a instalação de containers padronizados, os chamados “Espaços 4.0”, em detrimento da formulação de políticas estruturantes. Tais espaços, embora vistosos, não dialogam com a diversidade dos territórios nem enfrentam os desafios concretos da produção científica em nossos campi.
Enquanto outras instituições avançam na ampliação de programas de pós-graduação, na consolidação de grupos de pesquisa e na captação de recursos estaduais e federais, o Ifal segue à margem desse movimento. Sua participação nos editais da Fapeal é limitada, e o que existe se deve exclusivamente ao esforço de pesquisadores que, mesmo enfrentando condições adversas e sem o devido apoio institucional, insistem em produzir ciência. Além disso, o instituto permanece ausente dos rankings do CNPq e carece de uma política efetiva de valorização da pesquisa e da produção científica.
É hora de retomar o caminho da coerência institucional. A pesquisa precisa voltar a ser parte viva do projeto pedagógico do Ifal, com investimento real, escuta ativa das bases e compromisso com o desenvolvimento regional sustentável. Sem isso, o instituto continuará refém de uma estética de inovação que não transforma, apenas adorna.
Não basta instalar containers. É preciso reerguer um projeto de ciência pública, crítica e comprometida com o povo alagoano.