Não há motivo para pular carnaval, mas é exatamente o que fazem o PT, o governo e a esquerda em geral. Em dois dias seguidos, o Datafolha trouxe números que mostram a reação de Lula na batalha para recuperar popularidade. Segundo a Folha, o presidente estancou a queda em sua aprovação e mostra uma leve recuperação. 29% aprovam o governo contra 38% que desaprovam. 32% classificam a gestão como regular.

Dois meses atrás, esses dados eram piores para Lula. Diante do clima de terra arrasada que se instalou desde o fim de 2024, o governo volta a respirar com alguma tranquilidade. Para governistas e aliados, o clima ficou ainda melhor neste sábado, com novo Datafolha, agora sobre a eleição 2026. Lula bate Jair Messias e os demais nomes da direita – de Pablo Marçal a Tarcísio de Freitas, passando por Michele Bolsonaro. 

O governo espera que as novas pesquisas tenham captado uma tendência – o que não se pode cravar a partir de uma única rodada. Ministros e lideranças partidárias investem numa operação coordenada para espalhar as boas notícias pelas redes sociais. Afinal, um dos fatores essenciais na briga para melhorar o apoio ao governo está na tal comunicação. Foi para isso que Lula instalou Sidônio Palmeira na Secom.

Outro aspecto favorável a Lula e ao campo da esquerda é a situação fragmentada da direita e da ultradireita. Pelo Datafolha, nenhum nome se impõe como favorito em relação aos demais concorrentes da mesma raia ideológica. O aloprado Pablo Marçal, por exemplo, estaria no páreo. Mas pode ser Ratinho Junior a surpresa do bloco, vai saber. Tudo isso sem contar a mala Jair Bolsonaro, o inelegível que sabota a própria turma.

O fim de semana lembra, portanto, a dimensão do imprevisível como parte do jogo, enquanto a precipitação desmoraliza profecias “definitivas”. Nunca é demais lembrar o poderio de quem disputa a reeleição – tem o comando da máquina, a chave do cofre e a caneta nas mãos. Lula não está autorizado a cair na folia, mas tem razões para uma comemoração discreta. Não é pouca coisa para quem já era dado como morto.