O mestre manteve viva a cultura do coco de roda 1935-2017. Mestre Nelson Vicente Rosa nasceu em 18 de dezembro de 1933, em Arapiraca/AL. Dedicou-se a cultura popular e a preservação do coco de roda Mestre de coco-de-roda, título recebido em 13 de maio de 2005, como Patrimônio Vivo, da Secretaria de Cultura do Estado de Alagoas. Também coordenou, desde 1990, o grupo das Destaladeiras de Fumo de Arapiraca (Povoado Fernandes), que reunia dez senhoras cantadeiras. Já se apresentou em São Paulo no ano de 2007 e fez participações no CD Cantos de Trabalho, da Cia. Cabelo de Maria.

 

Nelson Vicente Rosa, talentoso poeta popular e inspirado embolador, é quem liderava o seu grupo folclórico há trinta anos. Homem simples, educado, apegado ao amanhã da terra onde nasceu e viveu cercado até os seus últimos dias de vida cercado por seus familiares, no Povoado Fernandes.

 

Seu Nelson muito respeitado, é que se pode afirmar ser realmente um produto do meio onde viveu toda sua vida – a zona rural – onde ainda criança já ouvia o popular “Cícero Duca” (casado com sua tia), nas cantigas e nas tapagens de casa, ou entoando seus rojões nas tarefas da roça na década de 1930. Além desses cantos de trabalho, ouvia também as cantigas das Destaladeiras de Fumo que atravessava sua época de ouro na terra de Manoel André.

 

Em 1938, encontrava-se com seus pais no Sítio Cacimba Doce, onde acontecia uma festa, ficou maravilhado ao ouvir a velha Maria Proteciano cantando o coco “ARAÚNA” e formando uma grande roda com as pessoas presentes. Para o menino Nelson, foi a coisa mais bonita do mundo e isso marcou toda sua vida.

 

Todavia, o tempo foi passando e já adolescente, não ouvindo mais as cantigas de barreiro e nem os rojões da lida no campo, Nelson Rosa passou a acompanhar o coco de seu padrinho Gervásio Lima, que periodicamente apresentava seu famoso pagode, no qual dançava toda a família e os vizinhos.

 

Tempos depois do desaparecimento do seu padrinho Gervásio Lima, Nelson Rosa começou timidamente a cantar emboladas no terreiro de casa acompanhado pelo coro de seus familiares e assim renascia um coco de roça, com toda a força de um fato folclórico autêntico.

 

Nesses primeiros passos as apresentações aconteciam apenas entre familiares, onde dançavam seus filhos, sobrinhos, primos cunhados e amigos. Mais adiante, seus filhos foram casando e afastando-se do coco, sendo substituídos pelos vizinhos e a dança foi continuando, agora, com apresentações em Festivais de Folclore, Semana da Cultura, Festas Juninas e eventos além das fronteiras do município de Arapiraca e das cercas dos currais de fumo do Sítio Fernandes.

 

Mestre Nelson Rosa ensinou o Coco-de-Roda e Manteve Vivas as Canções de Trabalho das Destaladeiras de Fumo de Arapiraca.

 

O reconhecimento a Nelson Vicente Rosa, Mestre da Cultura popular, provocou uma transformação na comunidade onde ele viveu, a Vila Fernandes, zona rural de Arapiraca. Exímio representante do coco de roda, dos cânticos de trabalho das destaladeiras de fumo e da poesia matuta, o trabalho desse senhor já garantiu apresentações em São Paulo e Brasília, gravação de CD e DVD, e principalmente a consolidação e a transmissão dos folguedos para as futuras gerações arapiraquenses e alagoanas.

  • Este texto é parte integrante do meu livro Arapiraca Centenária - ontem e hoje, que será lançado em breves dias. Aguardem