Paradoxalmente, o julgamento de Bolsonaro no STF e a viagem de Lula acalmaram o clima político em Brasília. E, ao que parece, os últimos dias foram de algum alívio para o governo. Tudo correu dentro da normalidade nas três sessões da Primeira Turma que tornaram Jair Messias réu por tentativa de golpe de Estado e outros crimes. O ex-presidente chegou a ir ao começo do julgamento, mas depois sumiu.

Quando reapareceu, foi naquele discurso delirante no qual reafirma o vasto conjunto de delitos que cometeu. Bolsonaro ainda tenta alguma reação apelando à gritaria. As velhas bravatas do fanfarrão pulam nos microfones a cada frase. A eterna síntese dessa valentia de vitrine é a sentença “Acabou, porra”. O réu agora avalia uma fuga do país.

Quanto aos efeitos políticos da decisão do STF, Bolsonaro deu vários passos para o isolamento. Os aliados fingem em público que estão com ele até o fim, mas combinam em particular alternativas para uma candidatura presidencial. Como se sabe, o “mito” dá sinais de histeria ao ouvir falar na hipótese de apoiar outro nome para a disputa de 2026. 

Ocorre que esse cenário está consolidado. Além do julgamento em curso – que o levará à prisão –, o homem está inelegível. Por isso, houve na última semana uma agitação com vários aspirantes jogando cartas para marcar posição. Para Bolsonaro, talvez a única saída de fato seja a indicação de um dos filhotes. Eduardo seria o favorito. 

Do lado de Lula, conta-se na imprensa que o presidente teria “parado de cair”, segundo pesquisas que estão a caminho. Um desses levantamentos já publicados confirma essa informação. As notícias sobre economia deram um refresco, ainda que o preço de alimentos continue como variável perigosa. Uma ameaça que pode sempre retornar.

Não é possível falar em plena normalidade na vida pública do país, é claro. Mas a boa impressão é de que, sim, as instituições funcionam e cumprem seu papel crucial na democracia. Prova disso veio precisamente do Supremo Tribunal Federal. No julgamento de Bolsonaro e generais, tudo nos conformes. Ninguém acima da lei.