Neste mês de março, o Brasil comemora 40 anos de redemocratização. Isso quer dizer que a ditadura militar, que começou em 1964, terminou em 15 de março de 1985, com a posse do presidente José Sarney, na chapa de Tancredo Neves, que não assumiu por doença.
A questão central é que a história da República brasileira é marcada por golpes e contragolpes. Atualmente, estamos vivendo um cenário de perseguição política a opositores. Mas isso não é novo. É assim desde quando derrubaram o Imperador.
O problema está na raiz. A República do Brasil é ilegítima. Isto é, o povo jamais pediu a República e boa parte dos governantes não sabe e não quer viver em uma democracia.
As oligarquias que acabaram com a Monarquia Constitucional e Democrática do Brasil e expulsaram o imperador Dom Pedro II, em 1889, não queriam democracia, eles queriam poder.
Pelo contrário, os oligarcas - os poderosos - odeiam a democracia. Se vestem de democratas para dominar.Em uma república democrática, os cidadãos são iguais e livres, o império é da lei e do direito individual.
O nosso problema é justamente que boa parte dos legisladores, dos governantes e dos magistrados não são sujeitos democráticos. Não sendo sujeitos democráticos, é impossível que tenhamos longos períodos de estabilidade nessa forma de governo.
Nós vivemos em uma república democrática em que os poderes constituídos não querem ser submissos aos princípios republicanos e democráticos. É justamente por isso que Platão alertou há mais de 2 mil anos: “a democracia é a mãe da tirania”.
Isso ficou claro ontem no julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e outras 7 pessoas. O que menos importou foi o direito individual, especialmente o da liberdade de expressão.
Em uma república democrática saudável, ninguém seria julgado como golpista porque criticou juízes ou o sistema eleitoral.
Apesar de tudo, esse modo de agir não é novo. Isso acontece desde que o Brasil se tornou República. A República brasileira ascendeu pelo desejo de poder de golpistas e não consegue se sustentar porque esses mesmos golpistas são incapazes de viver sob os princípios republicanos e democráticos.
