Na primeira eleição de Lula, o responsável pelas feitiçarias marqueteiras era Duda Mendonça. A ele se atribui a criação do “Lulinha paz e amor” – uma nova versão do petista para superar a resistência da elite financeira. Na disputa pela reeleição em 2006, o posto foi de João Santana, que também tocou as campanhas vitoriosas de Dilma Rousseff em 2010 e em 2014. Os dois publicitários não ocuparam cargos nos governos que ajudaram a eleger. Corta para 2025: Lula 3 derrubou esse paradigma.
Com a popularidade em queda, o presidente tomou uma decisão controversa. Sidônio Palmeira, o marqueteiro da campanha lulista de 2022, virou ministro. Em janeiro ele assumiu o comando da Secretaria de Comunicação, com a tarefa de estancar a crise e recuperar os índices de aprovação ao presidente e ao governo. Palmeira se deu o prazo de três meses para começar a virar o jogo. Esse prazo se esgota em abril.
Seguindo essa estratégia, o governo aposta tudo numa investida publicitária que começou há poucos dias, mas que terá seu auge a partir de agora. No cardápio com produtos a serem exibidos em peças de marketing temos o seguinte: isenção do IR para quem recebe até 5 mil reais; empréstimo consignado para trabalhadores da iniciativa privada; novas obras do PAC, o velho conhecido dos governos petistas. E muito mais.
Volto a esse tema porque nunca a imprensa deu tanto destaque às escolhas de propaganda de um governo como faz agora. E todos os holofotes vão para Sidônio Palmeira. Mas o cara é especialista em campanha eleitoral, não em gestão de governo. São coisas distintas. Não há base teórica, nem precedentes, para a decisão de embolar as duas áreas. Mas Lula resolveu jogar as fichas numa aposta pra lá de arriscada.
Com tamanha responsabilidade em suas mãos, Palmeira está condenado a um entre dois destinos. Lula vitorioso, o marqueteiro será consagrado como decisivo pelo eventual sucesso. Se tudo der errado, será o principal culpado. Em outras palavras, em breve o ministro será aclamado como um “gênio” – ou detonado como uma “besta”.
Na foto, Lula e Sidônio Palmeira trocam ideias sobre alguma jogada.