Gusttavo Lima renunciou à virtual candidatura a presidente da República. Mas ele avisa que “continuará contribuindo para as mudanças no Brasil”. Numa ameaça mais direta, ele nos lembra de sua idade – tem apenas 35 anos – e dá pista evidente sobre o futuro: “Nada impede que na outra eleição eu seja candidato”. O cantador, como ele mesmo insinua, trocou 2026 por 2030. Mas a realidade não é assim tão simplória.

O país de Gusttavo Lima é o mesmo de Eduardo Bolsonaro, o “refugiado”, o “asilado político”, o “perseguido por um regime ditatorial”. É o Brasil que trafega em mão dupla, alternando as faixas da bruta realidade e da ficção delirante. O ato do filho do Jair divide analistas, que o veem como um hábil jogador e uma besta ao mesmo tempo.

Cretinos da política alagoana saíram saltitando, “em apoio e solidariedade” ao corajoso Bananinha. Desvairados que idolatram ditadura militar, censura, tortura e morte, agora denunciam um “regime de exceção” no Brasil. Por mais que não se deva subestimar a delinquência política, a patetice nesse caso se impõe sobre qualquer alternativa de interpretação. O que esse deputado vagabundo pode aprontar nos EUA?

No campo jurídico, as presepadas de Eduardo em nada interferem no curso do processo legal. Ele pode ficar para sempre fora do Brasil, em conspiração com porcarias da extrema direita internacional, e nada altera o destino de seu pai, o ex-presidente que tentou ficar no posto mesmo derrotado nas urnas. O golpe deu errado e os marginais estão a caminho de uma sentença. Bolsonaro sabe que não escapa da cadeia.

Tudo isso, incluindo a temporada americana de Eduardo, tem consequências de ordem política. A repercussão pode ser mais ou menos forte, mas alguma coisa se mexe com as novidades da hora – ainda que nessa embalagem de proeminente ridículo.

Tarcísio de Freitas – cada vez mais em todas – segue ladeira abaixo e, também ele, tira lasquinha do exílio ao modo Bolsonaro. Pela direita, a agitação sobre 2026 é mais tensa. Além de encarar o governo, dentro de casa a disputa periga terminar em morte.    

Outros nomes armam suas jogadas no meio do bolsonarismo. A ver o que essa profusão de notícias mobiliza no meio do grande eleitorado brasileiro. Por enquanto, é Lula contra alguém do outro lado. Jair Messias já era. Sua turma terá de fazer outra escolha.