O deputado federal Eduardo Bolsonaro partiu para os Estados Unidos há 15 dias. Agora, ele avisa que vai se licenciar do mandato e passar a morar em solo americano por tempo indeterminado. Num vídeo gravado nesta terça-feira 18, o parlamentar informa que tomou a decisão por medo de ser preso por decisão de Alexandre de Moraes. A cansativa ladainha para intimidar o ministro do STF é parte essencial do teatro bolsonarista. Como escrevi em texto anterior, Jair Messias prepara fuga. Eduardo se antecipou.  

O vídeo de Eduardo Bolsonaro mistura delírio, messianismo e uma antologia de mentiras sobre a vida pública brasileira. Para este vigarista, o Brasil vive um regime de exceção, uma ditadura comandada por um “psicopata” – em outra referência ao Xandão. São dez minutos de mistificação sobre seus próprios feitos heroicos em defesa da democracia no país. O discurso é uma mistura de coach picareta com pastor charlatão.

Ao assistir ao pronunciamento do deputado Bananinha, a expressão “mundo paralelo” avança muitas casas e ganha materialidade auditável. Quem acredita nesse palavreado tresloucado afora os convertidos para sempre? Porque é muita fantasia, é muita trambicagem retórica embalada em tom grave, com a solenidade dos canastrões. Eduardo junta fake news e covardia na armação de uma farsa à altura de sua família.

Ao fim de sua mensagem, o filho de Bolsonaro se apresenta como um enviado do Senhor. Fala, guerreiro: “Deus abençoe o Brasil e me dê os meios para cumprir a minha missão”. Um dia, a missão desse rapaz já foi “juntar um cabo e um soldado” para “fechar o STF”. Agora, pelo que dá entender, a guerra é para nos salvar do comunismo.

Sabe-se lá que outras armações a família Bolsonaro e aliados podem jogar na praça ao longo do julgamento do ex-presidente. Os patriotas estão histéricos além da cota já conhecida por todos. Em pânico, os Bolsonaro são perigosamente previsíveis. 

Escapar de qualquer jeito é um princípio da turma. No mais, conspirar lá fora, sim, é mais seguro para Eduardo e seus cúmplices. O país não deve perder tempo com piadas. A prioridade institucional é julgar o golpista e sua gang – Jair Messias & Generais.