Oi, secretário, sou Arísia Barros, ativista negra das Alagoas dos Palmares e coordenadora do Instituto Raízes de Áfricas. Somos ambos desconhecidos, um do outro. 

Penso que neste país com dimensões  continentais,  nossos currículos atávicos, simpáticos, empáticos não se cruzaram nos caminhos da diversidade.

Mas, não me leve a mal, início a escrevinhação de boas vindas ao seu cargo na  Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde- SGTES, afirmando  que como ativista negra sentirei muita saudades, do trabalho focado, dinâmico, importante , da  então ministra Nísia Trindade, da querida Isabela Pinto e Laíse Resende.

Sabe porque, secretário?

Durante esse último ano (2023/2024) vivemos um tempo produtivo de muitos diálogos entre movimento negro e a institucionalidade do Ministério da Saúde, a partir da   concepção de politicas públicas de saúde, que agregue o antirracismo, de uma forma propositada e humanizada.

Nísia , Isabela, Laíse e uma equipe primorosa,  no Ministério da Saúde, através da Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde subverteram a hierarquia do poder e aprofundaram o debate, em busca de programas equânimes, na questão raça e gênero.

E um dos grandes e viscerais  investimentos do Ministério da Saúde, em parceria com o HAOC foi a criação do  Programa Nacional de Equidade de Gênero, Raça e Etnia e Valorização das Trabalhadoras do SUS, uma ruptura do conservadorismo político na saúde..

O  MS desapagou, estruturalmente,  o apagamento da pauta antirracista , desburocratizou e ressignificou vivencias exclusivas ,agregando valor as politicas do SUS.

O Programa Nacional de Equidade de Gênero, Raça e Etnia e Valorização das Trabalhadoras do SUS é um conjunto de iniciativas robustas e extremamente necessárias, possibilitando novos e ousados caminhos e como ativista preta alagoana me senti acolhida, embalada, ultra respeitada.

Foi tanta  acolhida que , após a insistência desta ativista, a então secretária Isabela Pinto , em 2024, pegou um voo aéreo, tipo bate volta para Maceió, para se fazer próxima na construção das políticas locais. Fiquei hiper lisonjeada, pela atenção genuína,  demonstrou o respeito a nosso ativismo no território alagoano.

Agora deixa te contar, secretário  Felipe, além do corte abrupto, com a mudança ( ou isso não acontecerá?) tem outra questão urgente.

Em dezembro ficou pré-agendada  uma conversa com  Isabela e equipe, em Brasília, com esta ativista,  para discutirmos sobre o protagonismo do movimento negro nos Comitês de Equidade, e com essa  mudança de gestão , o que ocorre a partir de agora?

-Você é uma ativista que sempre terá espaço em minha agenda, Arísia Barros- disse Isabela Pinto, em dezembro de 2024.

Torcendo para  que tu penses, o mesmo, 

E uma pergunta que não quer calar, secretário Felipe: o Programa Nacional de Equidade de Gênero, Raça e Etnia e Valorização das Trabalhadoras do SUS, terá prosseguimento, como pauta necessária, em sua gestão?

Fazendo figa!

Agradeço