A foto de Mauro Pimentel, da AFP, captura um flagrante do futuro. Jair Bolsonaro e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, em Copacabana, Rio, em 16 de março de 2025. Tarcísio é o que o mercado e outras entidades misteriosas chamam de “bolsonarista moderado” – como se tal idealização de realismo fantástico fosse possível. Nada sabemos do amanhã, mas, em breve, um vai suceder o outro: Jair sai de cena, e o “técnico” assume os ideais da direita. Parece que é o sonho dos donos do dinheiro.
Os dois extremistas de direita estão perto e longe um do outro – como esse espaço entre ambos, visto durante o ato fracassado. Enquanto Tarcísio se esgoela para um lado, Bolsonaro mostra os dentes para a outra banda da plateia. O ex-presidente aponta para o céu, fazendo uma cara apalermada. Seu aliado por casuísmo aponta para a frente, com a cara fechada, como um candidato em discurso inflamado de campanha.
Tarcísio de Freitas foi meticuloso para se mostrar como apoiador de Bolsonaro e, ao mesmo tempo, alternativa imediata para sucedê-lo. Nem com a camisa da seleção brasileira eles combinam. Um vai de amarelo, emulando aquele “patriotismo” vagabundo. O outro foi de azul, o uniforme número dois tantas vezes usado em jogos decisivos do time brasileiro. Estão no mesmo evento, juntos. Mas parecem em planetas diferentes.
Quanta coisa cabe numa única imagem, numa fotografia apenas. A cada dia que passa, centenas de colunistas escrevem sobre os rumos da relação entre Bolsonaro e Tarcísio. Quilômetros de texto já foram produzidos para explicar essa parada entre os dois. Pois tudo o que já se escreveu foi sintetizado com um clique. Está tudo aí, suspenso no ar.