Bolsonaro virou a chave para o modo desespero. Nesta quinta-feira 13, ele foi às redes sociais para atacar o Supremo Tribunal Federal, depois que o ministro Cristiano Zanin marcou para o próximo dia 25 o julgamento sobre a denúncia da Procuradoria-Geral da República. Os cinco ministros da Primeira Turma vão decidir se abrem ação judicial que tornaria réus o ex-presidente e mais 33 que tramaram um golpe de Estado
A expectativa é de que o STF aceite a denúncia do procurador-geral, Paulo Gonet, e aí sim começa para valer o julgamento sobre os atos golpistas. Se condenado por todos os crimes, Bolsonaro pode pegar até 40 anos de prisão. Nesse conjunto de acusados estão os generais Braga Netto, Augusto Heleno e Paulo Sérgio Nogueira. Sete pessoas formam o “núcleo essencial” da trama golpista, nas palavras do chefe da PGR.
“Parece que o devido processo legal, por aqui, funciona na velocidade da luz. Mas só quando o alvo está em primeiro lugar em todas as pesquisas de intenção de voto para Presidente da República nas eleições de 2026”. São palavras do capitão inelegível, esperneando a partir da distorção dos fatos, numa aposta no tumulto. Na mesma fala, o quase réu vai pra cima do STF, forçando uma defesa baseada em chicanas.
Na lógica do líder dos golpistas, o Supremo é um dos tribunais mais lentos do mundo – por isso não poderia julgar Bolsonaro com essa “velocidade”. O ídolo da extrema direita alega ainda que o Judiciário brasileiro é “o mais caro do mundo, segundo diversas fontes”. Ou seja, quando o acusado não tem defesa técnica, parte para o ataque à instituição e às pessoas que integram esse colegiado. Faz barulho, mas não cola.
Diante de todo o tiroteio contra o STF, não se vê um mísero sinal de que os ministros estejam com medo de tocar o caso adiante. Não tem volta. A estratégia de Bolsonaro decorre, como falei, desse modo desespero diante da iminência de uma condenação. A turma do ex-presidente joga tudo em fatores políticos, como apelar para alguma ação por parte dos EUA. Os caras pedem abertamente invasão americana ao Brasil!
Seguindo essa lógica de confronto, os mentores do golpe convocam nova manifestação de rua para este domingo, 16 de março. Bolsonaro deve, mais uma vez, subir em palanque no Rio de Janeiro. O papo de “anistia” para os presos do 8 de janeiro serve de pretexto para novos ataques ao STF e à democracia brasileira. Tudo muito previsível.
Em Maceió, a vadiagem domingueira em favor de criminosos golpistas está sendo organizada por vereadores e deputados. É o que resta para quem defende até hoje que Lula deveria ter sido impedido de tomar posse. Essa gente queria era “intervenção militar com Bolsonaro presidente”. Não deu, rapaziada. A cadeia espera pelo Jair.