As pesquisas mostram o óbvio – e o óbvio, na política, muitas vezes é ignorado: o povo, o povo mesmo, não está nem aí para eleição agora. Não está acompanhando debates, não está preocupado com discursos, não está se empolgando com propostas. A política, nesse momento, ainda é coisa de bolha. De gente que respira campanha, que vive de eleição, que já tem seu lado definido ou espera um carguinho para decidir.

O eleitor comum? Está focado em pagar as contas, em garantir o café  e a carne  na mesa, em lidar com os problemas do dia a dia. Para ele, política só começa a fazer sentido quando a eleição se torna iminente – ali nos últimos 15 ou 20 dias antes do domingo decisivo. É quando o burburinho aumenta, quando a propaganda chega com força, quando os vizinhos comentam, quando a indecisão vira necessidade de escolha. Antes disso, toda a movimentação é, na prática, um grande ensaio para um público restrito.

Os candidatos que não entendem isso correm o risco de desperdiçar energia e recursos, falando para um vazio disfarçado de engajamento. A bolha reage, debate, briga e se agita, mas é a bolha – e eleição não se ganha na bolha. O desafio real é entender o timing do eleitor, saber quando e como tocar na ferida certa, no problema que dói, na esperança que pode mudar um voto. O jogo, na prática, começa de verdade quando a contagem regressiva se torna palpável. Até lá, é só aquecimento.