As redes sociais são um dos principais agentes do adoecimento emocional da sociedade. O que antes era um espaço para conectar, informar e entreter, tornou-se um campo de batalha onde todo mundo se sente no direito de opinar sobre tudo e todos — sem filtros, sem empatia, sem responsabilidade.

Você posta algo. Um pensamento, uma foto, um momento seu. De repente, surge um desconhecido, um espectador não convidado, e despeja uma crítica, uma grosseria, uma ofensa gratuita. E chama isso de “liberdade de expressão”. Ou, pior ainda, um amigo que, sem motivo, sem ser provocado, resolve expor sua “sinceridade” disfarçada de conselho ou discordância. Mas com que direito? Quem lhes concedeu a autoridade para invadir o espaço do outro e depositar ali suas frustrações, seus julgamentos, suas verdades absolutas?

Vivemos tempos estranhos, onde o respeito foi relativizado e a empatia virou artigo de luxo. Opinar virou um esporte, mas refletir antes de falar parece ser um hábito esquecido. As redes sociais não criaram esse comportamento, mas amplificaram a sensação de impunidade, transformando qualquer pessoa com acesso a um teclado em juiz da vida alheia.

O que está por trás disso? Inveja? Carência? A necessidade desesperada de ser ouvido? Ou simplesmente o prazer mórbido de ver o outro se sentir mal? Talvez seja tudo isso junto. O fato é que, hoje, expor sua vida — seja de forma pública ou apenas em um círculo de amigos — significa abrir portas para que qualquer um se sinta no direito de invadir, opinar e ferir.

Mas não é liberdade de expressão quando se trata de invasão. Não é sinceridade quando o objetivo é diminuir o outro. E não é normal que tanta gente ache que tem esse direito. Estamos adoecidos porque estamos vivendo em um mundo onde todo mundo fala, mas ninguém escuta. Onde a empatia foi trocada pela necessidade de “lacrar”. Onde as pessoas se preocupam menos em viver suas vidas e mais em fiscalizar a dos outros.

A pergunta que fica é: quando foi que nos tornamos assim? E, mais importante, será que ainda há cura para essa doença social?