No Dia Internacional da Mulher, celebra-se a força e a coragem de mulheres que, no dia a dia, moldam o futuro de gerações. Nesta reportagem especial, conheceremos duas educadoras da rede estadual de Ensino que se destacam pelo seu comprometimento com a transformação social e pelo papel de protagonistas em suas comunidades e no ambiente escolar: Nadeje Fidélis e Lucineia Vieira da Silva. Com trajetórias marcadas por desafios, conquistas e muito trabalho, elas são símbolos de luta e superação no ensino público estadual, influenciando não apenas seus alunos, mas também suas famílias e a sociedade em geral.
Com 22 anos de atuação na Secretaria de Estado da Educação de Alagoas (Seduc), Nadeje Fidélis tem se destacado como técnica da 13ª Gerência Regional de Educação (GEE) e articuladora do Programa Criança Alfabetizada. Durante sua trajetória, Nadeje tem sido uma defensora da educação inclusiva e da valorização das culturas afro-brasileiras. Em sua atuação, ela busca promover não apenas a alfabetização das crianças, mas também incentivar o debate sobre a importância da representatividade dentro do ambiente escolar.
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Nadeje tem sido uma referência para muitos educadores, sempre buscando levar aos alunos bons exemplos. “A educação não deve apenas formar para o mercado de trabalho, mas também formar cidadãos críticos, que saibam o seu valor e a importância de sua história”, afirma Nadeje. Seu trabalho com os professores da rede estadual vai além da simples formação pedagógica, pois ela também os orienta sobre a importância de uma educação antirracista e inclusiva, ajudando a fortalecer a autoestima de alunos e alunas, principalmente os que vêm de contextos socioeconômicos mais vulneráveis.
A educação como ferramenta de empoderamento feminino
Lucineia Vieira da Silva, professora de biologia na Escola Estadual Graciliano Ramos, em Palmeira dos Índios, é outro exemplo de mulher que transforma a realidade da educação pública com seu trabalho e dedicação. Mãe, esposa e educadora, Lucineia tem uma rotina cheia, mas nunca deixa de lado seu papel como mentora e inspiração para seus alunos. Com 25 anos de experiência, ela acredita que a educação é um dos principais pilares para a construção de um futuro melhor. Além do ensino tradicional de biologia, ela é responsável por coordenar ideias inovadoras, como o projeto de fitoterapia desenvolvido dentro da escola, que gerou a produção de uma pomada medicinal feita a partir de ervas locais.
O projeto surgiu a partir de uma demanda dos próprios alunos, que perceberam a necessidade de algo que aliviasse as dores e contusões causadas pelos jogos e atividades físicas na escola. Ao longo de um ano, os estudantes pesquisaram sobre plantas medicinais da região, como a erva-de-são-joão, a arnica-do-mato, a erva-baleira e a canela-de-velho, que têm comprovação científica de suas propriedades anti-inflamatórias e analgésicas. O resultado foi uma pomada que, além de ajudar no tratamento de contusões, também se tornou um símbolo de inovação e protagonismo estudantil. “O trabalho todo foi desenvolvido pelos estudantes. Eles foram os protagonistas, desde a identificação do problema até a solução. Eu sou apenas a mediadora, incentivando e orientando, mas o mérito é todo deles”, explica Lucineia.
O projeto não só proporcionou uma solução para um problema cotidiano da escola, mas também deu aos alunos a oportunidade de se envolver em um processo de pesquisa científica. Lucineia conta que a visibilidade que o projeto ganhou ao ser apresentado no Sinpete (Simpósio de Inovação e Pesquisa Tecnológica de Estudantes da Universidade Federal de Alagoas) contagiou a escola e até a cidade de Palmeira dos Índios. “Após a participação no Sinpete, muitos outros alunos começaram a se interessar pela pesquisa. Eles veem o projeto como uma possibilidade de fazer a diferença e mudar a realidade ao seu redor”, afirma Lucineia.
Além disso, Lucineia destaca que o projeto foi uma verdadeira porta de entrada para muitas das suas alunas, que começaram a se engajar mais no estudo e a sonhar com um futuro acadêmico. "Foi maravilhoso ver essas meninas empolgadas com a possibilidade de entrar na universidade. Eu sempre incentivo os alunos, principalmente as meninas, a acreditarem que, apesar de virmos do interior, podemos ir além", comenta.