Pesquisas do Datafolha mostram que o uso de câmeras corporais na PM reduziu o número de homicídios em São Paulo, mesmo com toda a má vontade do governador Tarcísio de Freitas, o matador. Não há controvérsia sobre essa relação direta entre uma coisa e outra. É preto no branco: se tem o equipamento acoplado à farda, cai o número de ocorrências fatais. Agora, atenção: desaba o índice de mortes de PMs em combate.
Desenhando, para políticos que não entendem – ou entendem, mas preferem a fantasia: câmera no uniforme protege o agente da lei, salva vidas na PM. De novo: depois da adoção das câmeras em São Paulo, o índice de letalidade na corporação despencou. O problema é que a cegueira “ideológica” empurra o debate para o lamaçal.
Mequetrefes no Legislativo, contrários à tecnologia que protege a sociedade, dizem que “o uso de câmeras só é bom pra bandido”. É uma afirmação descolada da realidade, uma inversão dos fatos. A desonestidade intelectual revela o contrário – repudiar a adoção de câmeras, aí sim, é coisa de quem quer blindar a banda podre das polícias.
Está nas manchetes da imprensa nacional. Uma jovem de 20 anos foi violentada por dois PMs em Diadema, São Paulo. Ela foi vítima dos marginais de farda após “ganhar” uma carona na viatura usada pela dupla. Essa é apenas uma de incontáveis situações nas quais a câmera poderia provar o que ocorreu. Mais óbvio que isso, impossível.
Em Alagoas, a implantação das câmeras no uniforme militar está empacada há dois anos. Foi promessa de campanha do governador Paulo Dantas. Publiquei um texto sobre o tema em 21 de maio do ano passado. O Ministério Público Estadual ensaia uma cobrança, mas nada de uma iniciativa concreta. Passou da hora de resolver.
Os custos não são baixos, é claro. Mas quanto vale uma vida? O Ministério da Justiça já se mostrou empenhado em viabilizar parcerias com os governadores. Não faltam caminhos para que a solução saia do papel. O Estado tem de fazer sua parte e parar de enrolação. Câmeras ajudam o bom policial e inibem o avanço de gangs fardadas.
Quanto à politicalha de delegados e PMs com mandato eletivo, esperar o quê? Com raríssimas exceções, essa turma não está preocupada com a segurança da coletividade, e sim com a próxima eleição. Por isso, a demagogia prevalece sobre a lógica elementar.